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Ninguém mexe comigo

por Caio Girão
Arte de Ju Glasser ilustra "Ninguém mexe comigo", de Caio Girão. Capa por Leopoldo Cavalcante.

Caio Girão escreve. Publicou a novela Meus Escorpiões (publicação independente), o livro de poesia auto-anátema (Caravana Editorial, 2022) e o romance Cantem os Cânticos Como Cantaram os Anjos (Opera Editorial, 2023).


And this is where the story and confusion began
Tyler, the Creator

Quatro Escuridões

1ª – Everton

Duas e quarenta da manhã, meu último quarto de hora do serviço. Azar militar: quando você pega um serviço de sentinela no sábado, às vésperas do seu noivado, e ninguém quer trocar de serviço com você. Duas e quarenta da manhã e é isso: a rua vazia, às vezes o som do vento, uma ou outra pessoa sem história, sem origem e sem destino. Torcendo para acontecer alguma coisa (e esse é bem o horário em que casais se encontram ali debaixo da árvore, a pé ou de carro, e, julgando não ter um soldado na guarita distante, vão aos finalmentes sem qualquer cerimônia), mesmo que dê merda; e no cagaço de dar merda, porque esse oficial de dia é brabo e quer todo mundo no padrão toda hora. Parado, pensando, tentando pensar ou imaginar qualquer coisa, uma filosofia, uma lembrança, uma história, uma música, uma questão. E parecem ter passado trinta minutos, olho o relógio: duas e quarenta e seis. Não consigo nem lembrar palavras, a cara daquela garota, o dia em que… Volto a olhar para frente, para o distante da escuridão, mas o silêncio não é o mesmo. Não, o silêncio está diferente, tem alguma coisa dentro dele. Ponho a cabeça para fora da
guarita, olho para trás: a escuridão também está diferente, tem alguma coisa dentro dela. Uma parte está se movendo. Um pedacinho da escuridão vem se mexendo em minha direção. Cacete, é uma pessoa. Um homem. Está nu. É alguém que eu conheço. Só quando está suficientemente perto, a ponto de eu conseguir ver uma piroca das maiores balançando entre as pernas, que vejo: caralho, é o sargento Chacom. Que porra é essa? Ele está arfando. Vem correndo rápido, como se não visse nem a escuridão nem a mim. Não, ele não está arfando, está sussurrando. Só consigo pegar algumas palavras: o fogo, apartamento, mundo, chamas, cair… Nem sei o que fazer. Sinto o calafrio típico do pressentimento de uma puta alteração no serviço, um puta esporro e uma puta punição (um FATD, na certa). Só agora que penso na tamanha idiotice de ter deixado o César dormindo – ele deveria estar neste quarto de hora comigo, mas estava ainda de ressaca, como ele soube pedir numa boa e como eu estava devendo, aceitei ficar sozinho. Mas, porra, que merda é essa do Sargento Chacom correndo pelado uma hora dessas, sussurrando essas porras? Penso que
não fazer nada seria o melhor (aqui, não fazer nada é sempre a opção mais segura) mas estou cansado de não fazer nada. Saio da guarita e fico esperando o sargento se aproximar. Ele ainda não me vê, acho que seus olhos não olham nada, estão revirados. Quando ele vai esbarrar em mim, o seguro pelos braços, e quase caímos juntos. Sargento? Ham? E-mento-sei-lá… Sacudo, sacudo. Sargento. Está tudo bem. Ele pisa forte, ao abrir os olhos, seus olhos olham para mim. Como se acordasse, ele diz: “Everton”, como ele lembrou meu nome?, “meu apartamento, alguma coisa atingiu ele, a laje caiu. Agora tem só fogo lá, pelas paredes. Sei lá. Eu…” ele engole forte,
uma lágrima começa a correr seu lado esquerdo.

2ª – Chacom

Já se vão quase duas horas no banheiro, as pernas já dormentes, já deu cãibra, já passou, já voltou. Essa dor de barriga fodida que não passa. Já se foi tudo que havia na minha barriga, meu ânus está ardendo. Ainda assim minha barriga continua doendo. No começo que foi horrível: a frouxidão, a vontade de vomitar, a cólica… Mesmo com a dor, me levanto, a perna começa a formigar – primeiro formigas, depois alfinetes. Volto a sentar. Acho que já está bom, a dor está começando a passar. Puxo um bom pedaço de papel e passo com muito carinho ao redor, olho o papel: apenas água marrom. Levanto de novo, ainda minha perna alfinetando. Noto que o tempo
todo ali no vaso eu só pensei em uma coisa: o peixe solitário na poça que vi hoje. Estava passando pelo outro lado do morro. Acho que um rio passava por ali e secou, e aquela poça era um pedacinho do que sobrou. Aquele peixe talvez fosse um dos últimos sobreviventes. Ainda nadava, como se esperasse alguém vir buscá-lo. Quis salvá-lo, assim como salvo os pássaros desamparados. Mas como? Eu não tinha nenhum recipiente. A Carmenlúcia não gosta de aquário, até tínhamos um, mas
desde que… Chacom, amor! Vim com a Patrícia, ela é linda – e jovem, jovem como Carmenlúcia nunca foi. Sigo a trilha com ela, mas pensando naquele peixe: como deve ser perder o rio e ficar preso numa pequena poça? Então começo a pensar muito forte que isso é uma metáfora para a vida de todos nós – não só a minha e a sua, mas de todo ser humano. Em algum momento nosso rio seca e a gente passa a viver numa pocinha assim pequenina, nem sempre só, mas quase sempre. O pior é que poucas vezes percebemos e quando percebemos é melhor esquecer. Cê tá pensativo, hein? Que é que foi? Tem que voltar pra Carmenlúcia e só lembrou agora mas num quer me dizer? Não, não. Eu… respondo, ainda com o olhar vago. Só estou pensando numas coisas lá do condomínio. Ela sorri, ela sempre sorri. Ela adora me segurar pelo braço. Ela aperta meu braço. Nossa, quanto músculo. E ri. Aperta mais e gosta de sentir a dureza de meus músculos. Ainda me segurando o braço e colada em mim, ela passa a mão em meu pênis, e diz: mas duro mesmo é isso aqui. E ela tem razão, fico muito mais duro com ela do que com Carmenlúcia, principalmente
quando ela tenta enfiar tudo na boca (coisa que Carmenlúcia já desistiu de tentar). Ela me dá dois comprimidos: um para tomar agora com ela, outro para tomar depois quando estivesse com saudade dela. Bem agora saindo nu do banheiro eu sinto saudade dela; Carmenlúcia nem está aqui. E estou só, com uma dor de barriga. Saio do banheiro direto à cozinha, pego um copo d’água, vou atrás daquele comprimido, o encontro ainda no bolso da calça que eu usava naquele dia e nunca pus no cesto de roupa suja. A calça que ela tirou com tanta gula e rapidez, nem mesmo mole ela conseguiria pôr tudo na boca, mas gostava de sentar até que estivesse todo dentro dela,
gemendo um gemido doído. Logo quando tomo aquilo sinto uma tontura doida e me sento, ainda pensando na Patrícia. Por isso, excitado. Não sei como uma mulher daquelas fica com aquelezinho, um moleque daqueles. Eu pensava em largar Carmenlúcia por ela. Mas ela continuava com todo aquele papo de amor, noivado, casamento… Os peitos dela, aqueles mamilos pequenos e rosados perdidos nos seios morenos volumosos e curvados numa reta que, num vértice pontudo, se curvava suave. Era um L torto estiloso e curvado de lado um olho egípcio de frente dois olhos belíssimos também seus olhos quantas cores tinham e suas pernas mas os braços não consigo me segurar perdi a cadeira em que estava sentado vou girando porque estava no teto de cabeça para baixo sinto as paredes do apartamento pulsando e pulsam numa direção consigo sentir as veias do chão vou seguindo o pulso quase flutuando na mesma frequência já no quarto depois do quarto a parede que parede parede é o escuro da noite e é o escuro depois detrás da lua as paredes começam o fogo vejo o mundo acabando e um meteoro escuro se aproximando corro para
longe vou subindo descendo as escadas fora pra dentro

3ª – Carmenlúcia

Ele sempre volta à mesma questão: os bichos, o aquário, peixes, pássaros, a Amazônia… Mas não venha me falar de Amazônia, não existe lugar que eu odeie mais. Lugar pavoroso, só mato, umidade, calor e mosquitos. Ele não, ele ama… Nem sei como nos apaixonamos, nem lembro quando deixamos de nos amar.Só sei que por muito tempo, apesar da indiferença e da falta de amor, o que me segurou foi aquele seu pau enorme, que hoje já nem faz diferença. Acho até que nunca me importei
com o tamanho, era só um fetiche bobo alimentado pelas pornografias que vi. Hoje gosto mesmo é do fogo dos jovens, a ingenuidade, a força, a língua descontrolada, os dedos loucos, os paus latejantes e duros como rocha, sempre apontados para mim, como flechas que buscam o alvo certo e perfeito. E que o alvo estivesse no meio das minhas pernas. Há tempos que tem muito soldado babando por este par de pernas, porque só uso vestido quando estou em casa. E deixo que alguns olhem quando o vento vem brincar em minhas pernas, levantar meu vestido e mostrar uma calcinha fio dental quase invisível afundada em minha bunda. E sei que muitos olham, às vezes fico olhando eles arranjando qualquer desculpa para ficar por ali nos entornos, um ou outro atrevido às vezes vem oferecer ajuda ou dizer que o sargento Chacom pediu para deixar isso ou aquilo aqui em casa. Mas tem uns soldados que me dão tesão real. Só o cheiro já é capaz de me excitar. E esse soldado Everton, quando passou aqui para chamar o Chacom e me viu ainda de camisola (uma meio transparente), tentou desviar o olhar de meus peitos, mas mal conseguia disfarçar seu desejo,
quase me comia com os olhos, tenho certeza que, se eu desse as costas, ele me atacava. Quando falei “ele está quase vindo” e continuei parada encarando aquele rosto, ele se endireitou e fez pose de macho, certamente involuntária. Também tenho certeza: se Chacom não estivesse em casa, eu teria tirado a camisola ali mesmo. Ainda estávamos nesse jogo de olhares quando: “Já vou, soldado! Espera lá fora”. Ele saiu, e o Chacom me olhou acusando – sem querer, sabendo que aquele olhar me aborrecia, lancei meu olhar aborrecido: ele entendeu e respondeu com um olhar confuso. Com o olhar também se despediu, disfarcei um olhar de compaixão e de quem sentiria saudades. Te amo, tchau. Te amo, tchau. Fiquei olhando eles se afastando pelo quintal, mas só olhei para o Everton, notei seu pescoço querendo virar, mas ele resistindo, segurando. Esse mesmo pescoço eu morderia e gostaria de segurar com a minha mão esquerda, querendo afundar minhas unhas até deixar marca e ele sorrindo e afastando minha mão, dizendo: “não pode” do mesmo jeito que eu faço quando ele quer morder e chupar meu pescoço. Eu não errei no Everton. Ele não era o primeiro a entrar assim pelas portas do fundo – da casa e de mim. No entanto, no entantíssimo, ele era o mais especial e inesquecível de todos. O único a quem quase nada eu conseguia negar, o único a quem sequer um olhar eu conseguia disfarçar. Ainda assim, com toda minha energia e devoção ele ainda falava (e não parava de falar) naquelazinha. Eu prometia minha vida inteira a ele, e ele respondia um simples sorriso e uma simples virada de rosto, como se eu lhe contasse algo bobo. Eu falavade fugas, de luxos, de outros mundos, ele só falava amor, noivado e casamento. A verdade é que eu nunca a havia visto, só por fotos, uma 3×4 de colégio, outra abraçada ao Everton. Ela tinha um ar de ingenuidade safada. Eu brincava: a cama com ela nunca que vai ser como é comigo. Ele desconversava, e dizia que precisava ir. Eu dizia que ficasse. Ele dizia vou. Ele ia e minha cabeça ia junto, porque esses dias, essas semanas, esses meses eram só dele, e minha cabeça ia voando. Mal, e cada vez pior, eu conseguia me excitar com o Chacom, seus músculos, seu pau gigantesco, sua voz. Na mesma medida em que eu me entregava àquele rapaz, Chacom ia se entregando a alguém, a uma rapariga jovem na certa, a uma moça inocente que lhe desse tudo que ele pedisse sem questionar. Afinal foi sempre isso que ele quis de mim e nunca teve. Jamais me curvei a ele, jamais cedi a ele como tenho cedido ao Everton. Tanto que simplesmente decidi passar uma noite neste hotel escuro,
porque só ontem o Everton veio me dizer que ia noivar, mais para desabafar num “tô puto, teu marido que me escalou pro serviço. Eu ainda disse que podia trocar com o César, mas ele também já tinha escalado o César”. Eu acho que sei por que o Chacom estava “puto”. Agora é só isso que fico pensando aqui na escuridão deste quarto, já faz quase três horas que estou aqui pensando como as coisas foram ficar assim, e como nós estamos abandonados pelo tempo. E o tempo é um rio implacável. Chorei todas as lágrimas que podia chorar, pensei em quase todas as possibilidades: ir ao cartório e impedir aquela palhaçada ou contar tudo para o Chacom ou matar aquela
piranhazinha da noiva ou matar o Everton. Meu celular está em cima da mesa, esperando a ligação de um desses homens, do Everton ou do Chacom. Espero enquanto a escuridão me engole na solidão imensa de alguém que se perdeu do próprio caminho. Alguém que se perdeu do rio. Na escuridão vai se escrevendo enorme o nome dela, com um P macabro denso e violento, de puta, de piranha…

4ª – Patrícia

Há muito tempo que eu tento dormir aqui deitada, todas as luzes apagadas, a cama e o escuro me engolindo. Estou cansada e com muito sono, mas, assim como a cama e o escuro, minha cabeça não para de girar. Estou também muito ansiosa, muito enfurecida, muito nervosa, muito confusa. Dessa confusão tenho algumas certezas que me fazem sorrir. Bem agora o Everton deve estar lá com o César. Fico pensando como isso é engraçado: ele não saber nada sobre o César além do fato de ele ser meu meio-irmão por parte de pai; ainda acha que é pura coincidência. Nunca deve ter desconfiado que só o conheci (e fui para aquela boate justamente para conhecê-lo)
porque o César estava profundamente apaixonado e não sabia como falar isso com um “colega de arma”. Ele me falava tanto dele que eu mesma comecei a me interessar e tive de conferir de perto. Não tenho a mínima culpa se aqueles seus olhos eram uma armadilha mortal. Claro que César me culpou por muito tempo, mas o convenci de que tinha sido uma enorme coincidência, “nem sabia que o cara com quem tinha transado se chamava Everton, só quando ele me disse que servia no Círculo Militar que comecei a desconfiar, mas ele já tinha me fisgado”. Mesmo que meu meio-irmão fosse compreensivo (ou fingisse ser compreensivo) ficou na cara que sua compreensão não suportava um noivado quando ele encheu a cara na véspera do serviço que ele tiraria com o Everton na véspera do nosso noivado. Serviço que o canalha do Chacom inventou só para foder o Everton e fodeu o César por tabela – porque era o César que sempre cobria o Everton nos serviços. Ele queria mais me
atingir com aquilo, há muito tempo que ele queria me atingir. Mas não é só porque ele começou a transar bem antes comigo que eu não tinha o direito de noivar e me apaixonar pelo safado do Everton. No começo eu dizia que aguentaria ser a outra e coisa e tal, porque não sou do tipo de mulher que se preocupa com essas bobagens. Mesmo assim, nunca prometi que ele seria o único nem que ele também nunca seria o outro. E ele tem que aguentar ser, até porque eu sou muito mais mulher
do que a sua Carmenlúcia. O que faz minha cabeça, minha cama e meu escuro girarem é o engodo que está tudo agora e o fato de estar sozinha (não só bem agora) o tempo todo, mesmo estando com tanta gente o tempo todo. Não me sinto culpada por esconder o que quer que seja do Everton, afinal, só me preocupo com o exato agora, passado e futuro são pesos desnecessários que me recuso a carregar. O que me preocupa um pouco é como será de amanhã em diante, penso em dar um pé na bunda do Chacom, mas realmente gosto dele (e de chupar aquele cacete gostoso dele). Aí sim eu teria um peso na consciência. Acho que ele mesmo vai se tocar e se distanciar de mim do mesmo jeito que eu vou me distanciar dele. Ainda mais depois dessa pílula meio estragada que dei pra ele. Aposto que ele deve ter tomado há pouco, está tomando agora ou vai tomar daqui a pouco, achando que vai bater a mesma vibe gostosa da primeira pílula. Outra coisa é a Carmenlúcia, já até pensei em fazer alguma coisa com ela, tipo ir lá na casa dela, ou deixar uma marca na roupa do Chacom, ou sei lá, tacar fogo na casa. Não sei… Mas depois, para quê me preocupar com isso? Ela é só uma mulher mal comida, de mal com tudo que existe. Sei disso só pelo que o Chacom me fala. Como uma mulher pode não ser fissurada naqueles braços, naquele tanquinho, naquela piroca gostosa? Só sendo otária mesmo. Porque era otária, era mal comida. Ela agora deve estar lá deitada, com o marido trancado no banheiro. Com uma angústia indecisa dentro dela. Isso me faz pensar muito: até que ponto estamos próximos e envolvidos com as pessoas ao nosso redor, com
as pessoas que nos relacionamos? Até que ponto nos relacionamos? Eu e a Carmenlúcia: tão distante e tão próximas. Eu e o Everton: tão próximos e tão distantes. E nós quatro, eu, Everton, Chacom e Carmenlúcia: esse emaranhado que é um embolo só, cada um com um lado da coisa, cada um com sua verdade. Até que ponto? E a escuridão vai se mexendo em cima e dentro de mim, vai entrando mais. Tanto pensamento. Fico tentando interrompê-los com o mesmo pensamento: é preciso
dormir. Meu pai, minha madrasta, minha mãe, meu padastro, meu meio-irmão, minha meia-irmã, o tio de Everton, a tia de Everton, as duas primas dele: todos estarão nos olhando e preciso estar bonita, tranquila, decidida, já bastará o cansaço abatido de Everton e sua cara de pós-serviço. Eu aqui preciso dormir. A escuridão vai tomando conta de mim e tenho medo. Tenho medo de me largar e me deixar levar. Mas preciso dormir, porque preciso acordar. E vou acordar no grande dia em que não haverá mais nada, nem mesmo mais nenhum de nós, somente o amanhã, somente o agora, o novo, recém-nascido e inocente agora. Mas a desconfiança, a incerteza… A insistência de habitar meu coração, minha cabeça, minha vida. A desconfiança, a incerteza, a escuridão… Ai! Preciso dormir logo agora imediatamente, preciso me preparar, não posso ficar pensando essas coisas. Não posso pensar, porque não tem nada mais. Nada mais pra pensar. Preciso parar e dormir, acordar fora dessa escuridão toda. Amanhã vai ser outro dia, tudo vai ser diferente e essa coisa toda vai ficar pra trás. Não vai mais ter nada, absolutamente nada…


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Mais sobre a obra

Violência, perversões, transtornos mentais — tudo é matéria fértil para a prosa de Caio Girão. Em seu primeiro livro de contos, o autor cearense mergulha nos tabus sem medo dos horrores que pode encontrar.

“Os contos de Caio Girão, com poucas palavras, inserem o leitor por completo dentro da cena narrada e, com outras poucas palavras, nos conduzem por caminhos inesperados. A cada texto a surpresa se renova nunca sabemos para onde seremos levados. Há um frescor que remete a Donald Barthelme, uma exuberância narrativa de quem comemora as possibilidades infinitas da literatura.” — Antônio Xerxenesky

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