SOBRE
“Ao nos dispor suas palavras enquanto rastro de quem já passou, Mateus Magalhães permite que o tempo seja o verdadeiro protagonista de outros lagartos”, assim escreve André Santa Rosa no posfácio.
Temporalidade, em sua fluidez tantas vezes árida, que na poética do autor alagoano compõe simetrias e desalinhos.
A profusão de vozes, ritmos e intertextos, em outros lagartos, opera como espécie de moldura que, ao mesmo tempo que insinua pertencimento, revela poros e transformações que deixam algo escapar para o caminho da ausência. As palavras de Mateus Magalhães, muitas vezes solares, não se esvaem do humor – o recurso e o líquido – que ao mesmo tempo que acena riso ao leitor, alerta sobre a permanência da mudança da própria leitura.
MATEUS MAGALHÃES
Mateus Magalhães nasceu em 1997, em Maceió, Alagoas, e mora em São Paulo. É autor dos livros Quem tabelar com Toni ganha um Fusca (1ª ed: 2015; 2ª ed: 2018) e Malu e a bagaceira (2017), além do álbum de poesia falada Minha praia de outros homens (Maná Records, 2018), disponível em todas as plataformas digitais. Além de poeta, é compositor e cantor.
TRECHO
outro lagarto
do rabo abandonado
a tremer no mato
nasce outro lagarto
nesse instante
crava-se a faca
no corpo de
alguém
sem nome
do anônimo frio
assassinado
ao invés de lagarto
nasce outro homem
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