SOBRE
Um câncer terminal levará seu marido dentro de um ano. Ele ignora a morte. E ela se volta à escrita na tentativa de preservar a própria força vital.
Para a escritora Natalia Timerman, que assina a orelha do livro, Hanne Ørstavik escreve “na imbricação entre vida e literatura”.
Entre um diário e uma carta, Ti Amo intercala reflexões sobre o momento presente — o peso da solidão e do luto antes mesmo de a perda se concretizar — e recordações dos quatro anos vividos com o marido. A história se desenvolve aos poucos, escrita nos momentos em que o convalescente não exige os cuidados da narradora.
Te amo é a frase que mais se repete ao longo das 65 páginas da novela. “Te amo”, eles se dizem constantemente. O que poderia ser uma tentativa de compensação pelos anos que não vão ter um ao lado do outro é, na verdade, um jeito de reafirmar o compromisso de seguirem juntos mesmo com a iminência da morte os afastando cada vez mais.
Um dos maiores nomes da literatura norueguesa contemporânea, Hanne Ørstavik estreia no Brasil com o encantador e contundente Ti Amo. A prosa comovente que a consagrou como uma autora aclamada em diversos países foi traduzida por Camilo Gomide, direta do norueguês.
AUTORA
Hanne Ørstavik. Foto: Linda B. Engelberth.
Hanne Ørstavik começou sua carreira literária em 1994, ao publicar Hakk. Tornou-se conhecida três anos mais tarde com seu romance Kjærlighet, cuja tradução pro inglês foi finalista do prestigioso prêmio National Book Awards e vencedor do prêmio PEN Translation 2019. Desde então, publicou vários outros livros, estabelecendo-se como um dos grandes nomes da literatura norueguesa contemporânea. Ti amo é a primeira obra da autora publicada no Brasil.
TRADUTOR
Camilo Gomide é jornalista, tradutor e doutorando em Teoria Literária e Literatura Comparada pela USP.
TRECHO
“(…) Mas o que eles fazem então?, você diz, se eles não fazem outra cirurgia e se a quimioterapia não funciona? Eles vão simplesmente me deixar morrer? você pergunta e esse parece ser um pensamento completamente novo, como se algo tivesse sido colocado em movimento, rompido uma barreira e entrado em um campo onde você nunca pisou, um lugar desconhecido para você, e dói demais te ver assim, como se você estivesse caindo de cara e não tivesse onde se segurar, fico com medo de te ver desse jeito, medo de que você fique com medo, deprimido e sem esperança e fico surpresa comigo mesma, afinal, não era eu que sentia falta de que encarássemos a realidade, de que nos olhássemos nos olhos com franqueza, que enfrentássemos juntos as coisas como elas são?”
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