SOBRE
“Existe um ser que mora dentro de mim como se fosse a casa dele, e é”. As palavras de Clarice Lispector, celebrada na epígrafe de trote, oferecem um caminho para entrar na casa que Jheferson Rosa construiu com a argamassa dos versos. Armado de silêncios e outras violências, o autor joga com imagens concretas para expressar o que se convencionou chamar de história.
Casa – lugar e ideia – não é para o autor um dado definido. Casa é trânsito e, nos poemas deste livro, sentimos como se estivéssemos tateando paredes antes de existirem os próprios cômodos. A segurança de alguns toques é testemunho tanto do conforto de um lar quanto da possibilidade do engano. trote nesse sentido é ambicioso: prefere a ranhura e não tranca portas para esconder corpos ou vozes.
JHEFERSON ROSA
Jheferson Rosa nasceu em 1998. É editor da Lola e publicou Avião de Papel (Nega Lilu, 2021). Trote (Cachalote, 2024) é sua segunda tentativa de estreia na poesia.
TRECHO
MAIS HORAS MAIS TARDE
>escrevo sobre o movimento: meu primo matou duas pessoas
e foi preso
na arma e no poemaㅤㅤㅤㅤㅤㅤminhas digitais
>no dia 6 de dezembro meu primo me acorda e está chovendo
no dia 6 de dezembro ele coloca uma .38 nos meus olhos
depois retira dizendoㅤㅤㅤㅤé uma brincadeira, primo
Avaliações
Não há avaliações ainda.