Le’s’cre’ve’xer’cita dobrar palavras. Le Becker Savastano nasceu no interior de São Paulo e vive há dez anos na capital. Formou-se em arquitetura e urbanismo, área na qual também realizou um mestrado pensando relações entre arte, edificações e a constituição de imaginários coletivos. Atualmente, estuda as letras e trabalha com pesquisa, consultoria, preparação e revisões de textos. Já participou do curso de poesia expandida e participa do curso livre de preparação de escritores (Clipe), ambos na Casa das Rosas, em São Paulo.
o problema, diria
clarice,
é a incapacidade humana de-
ver
à curvatura da terra, mas
o porco
quan-
do mato sabe
y/o urubu não
mata
para sobre-
viver sobre-
voa por isso,
durante o solstício,
dis-
car-
regar
um só dente
no espaço entre
peitos em sobre-
peso.
dupla
por um lado,
arrasto asas ㅤ por você
por outro, nado
solo, com-
portos, areias e caminhões
fico no meio, sem jeito,
não sei como diz’e
vou, ㅤembora’cabe
por um lago,
que me vazaㅤ por você
por outro, entre
linhas, dis-
soluções sais e fugas
saio, meio sem jeito,
sim tem meio, você diz’e
fico, ㅤ embor’acabe
por um triz
entre nosso deslimite olhei
ㅤ ㅤum grupo de passarinhos comuns
delirar a pele
ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ em vermelho
ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ exceto pelo
desenho que nunca
ㅤ ㅤ ㅤ fiz
ㅤ ㅤ ou fiz,
ㅤ fui logo atravessar a tela
apaixonar por seus estorninhos
ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ em fuga
ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤexceto pelo
desejo que nunca
ㅤ ㅤ vi
ㅤ ou vi,
Foto de Anna Carolina Rizzon.