Diogo de Oliveira Almeida nasceu em Cruz das Almas (BA), em 1986, e atualmente mora em Salvador. É engenheiro, e atualmente faz segunda graduação em engenharia elétrica. Apesar do gosto pelas ciências exatas, também carrega uma grande paixão pela poesia, dedicando parte do tempo para pesquisa e leitura. Publicou Poesia Atípica (independente no Clube de autores, UICLAP e Amazon) em 2020.
áspera espera
viver numa esfera oca.
correndo atrás do tempo
tentando alcançar
dizem do futuro
lá no além,
para onde vamos
que vaidade é ser atleta
a vida inteira
cruzando linhas
de horizonte invisível
sabemos do amargor
do suor de uns
e a doce sombra
de poucos
que até o fim
exatamente no fim
tudo é igual
pois aqui o sopro
é de fato uma
áspera espera
rumando o futuro
e que triunfa
no interstício
do silêncio
e no nosso deitar
de todas as eras
nódoa
pessoas nas ruas
seus corpos descoloridos
a se esvair com vento
e pó, cerne do que são
meus olhos errantes
mirando paisagens urbanas
e fatos gravados em fotos
de pessoas e seus olhares
que sem força
nos deixam a nódoa no ser
por arte entendo
da observação do mundo
enxergando em cada passo
tudo que o vento traz
e deixa o seu sabor
Parábolas ao vento
difícil é jogar bola
onde só existe pedras,
tocar o espelho líquido
fazer cadeia de parábolas
e as mãos sujas de terra
círculos de ondas a se propagar
o céu são nuvens distorcidas,
e voam pássaros, ora pedras
que se afogam no último voo
minha fadigada pálpebra pesa,
inaugurado é o fim dos dias
e foi só que o sol se pôs
meu sonho, espiral de caracol
de puro tempo perdido, se foi.
naquele dia não houve futebol
Encontros
nenhuma onda do imenso mar
de todos os tempos foi igual,
águas que vêm e vão…
não vêm pra ficar
e são sucintas idas e vindas
faces raras que não existem
olhos vidrados ao horizonte
vendo luzes divagas direções
mínimas são as chances
de novamente encontrá-las
nas inumeráveis estrelas
um mar de noite brilhante
o alinhamento dos astros
é muito pouco, insuficiente
para raios ansiosos, carentes
desejando um novo encontro.
Arte: Silence, de Mikalojus Konstantinas Ciurlionis.