Bruno Ramalho (Rio de Janeiro, 1978) é um poeta e médico brasileiro. Escreveu A penúltima coisa que se faz (edição do autor, 1999), Do amor deveras e das quimeras (Emooby, 2011), livra-me, poesia (Scortecci, 2019) e uns amores bemóis (Patuá, 2021). Tem poemas publicados em diversos portais e revistas de literatura. Gosta de filosofia e é trompetista amador. Poeta querendo prosa, tem se aventurado pela crônica.
poema concreto
o sofrimento
que nos habita
é água, cimento,
areia e brita.
sentença
na vírgula,
um suspiro
às vezes
desapercebido
forja o túmulo
do não dito.
poema sem nome
as palavras salvam
e condenam,
e há sempre a permissão
para dizê-las,
desde que elas possam
construir a ponte
entre o que mal dá na cabeça
e já quer acabar no peito.
a isso que nos deram
de qualquer jeito,
a coisa desejada,
a coisa não dita a ser dita
e forjada em pensamento,
a versão mal-acabada
do que nos abandona e revisita,
chamaram de sentimento.
vário
a verdade da palavra
começa no dicionário
e termina no infinito,
abraçando o que é bonito
e, às vezes, o seu contrário.
saber que o mundo é vário:
é isso o que permite a tudo
parecer fazer sentido,
desde o fato definido
até o infindo imaginário.
tudo o que há é terra fértil
onde se lavra o que acontece
e se semeia o que seria,
onde o que até ali se via
pode ser via que se esquece.
rotas
quem não se cala
nem sempre fala.
a palavra avia
caminhos vastos
silêncio adentro.
Foto de Leopoldo Cavalcante.
Comment (3)
Muito feliz de estar aqui!
Parabéns pelos poemas, Bruno. Muita sensibilidade e exceelnte escolha das palavras.
Poema sem nome e concreto, foram meus preferidos, porém diante da guerra fico com o poema Rotas… grande abraço,
Att. Vanessa Ramalho Ferreira Strauch