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o templo zifu, fundado pelo eremita ren & outros poemas

por Yu Xuanji
yu xuanji

Vendendo peônias murchas

O rosto ao vento, a suspirar, pétalas caem
e vai-se outra primavera em seus odores
Hoje ninguém as quer comprar, dizem-nas caras
Intenso, afasta as borboletas, seu aroma
Pétalas rubras, só crescessem em palácios
Folhas de jade, vão tingir-se ao pó da estrada?
Antes se transplantarem a imperiais vergéis
e as colheriam belos jovens em cortejo


Pensamentos de melancolia

Folhas caindo uma a uma à chuva, ao sol-pôr,
Nítida, ascende entre as cordas, voz solitária:
Vívido canto, à falta de amigos, amores,
Nunca esmoreças, joga as tristezas ao mar.
Às portas do templo, em fila, ricas carruagens,
Livros do Tao empilham-se na cama ao léu.
Pobres em seus andrajos irão para o céu?
Águas, montanhas: tudo o que há passará.


Visitando o pavilhão sul do Templo Chongzhen – onde são divulgados os resultados dos exames para o serviço público

Nuvens nos picos, a primavera no olhar
Prata entre os dedos, a clara caligrafia
Pena: os robes em seda me cobrem a poesia
Elevo a fronte: seus nomes, resta-me honrar.


Para Feiqing em uma noite de inverno

Baixa poema invoco-te à luz da lanterna
à noite insone renego o frio das cobertas
Folhas ocupam o pátio como ao vento a dor
Entre as cortinas em gaze a lua declina
Triste a seguir a estrada uma estranha até o fim
em florescer e murchar conhece-se a flor
mesmo desconhecido seu pouso entre os plátanos
Encerra a tarde um arco os pardais em alarde


Compartilhando um luto

Lembro a elegância como um jade, a pele em pêssego
salgueiros tímidos ao vento, as sobrancelhas
Encerra a gruta do dragão aquela pérola
À base em fênix, só, na alcova resta o espelho
a repetir o sonho à noite, em chuva e névoa
não mais que a dor insuportável, sem parelho
A leste e oeste, agudas, fecham-se montanhas
ao sol, à lua: nunca mais uma esperança.


A partir de poema de um recém-aprovado candidato ao serviço público, em luto pela morte de sua mulher

(I)

Aos imortais perdem-se as coisas deste mundo
Outonos passam como apenas um momento
Fica às cobertas o calor do amor recente
Do papagaio à jaula o eco ainda circunda
O orvalho cobre as flores, rostos que se velam
O vento verga em sobrancelhas os chorões
Nuvens dissipam-se entre cores, tornam à sombra
Pan Yue lamenta e seu cabelo acolhe a neve

(II)

Da cássia, um galho ergue-se à lua, encontra a névoa
Vermelho à chuva: ao rio, mil pessegueiros brotam
À frente, ofertam vinho, aceita, enche teu copo:
são alegria e dor unidas pelos séculos


O Templo Zifu, fundado pelo eremita Ren

Ergueu o templo um homem solitário
e hoje é descanso a viajantes – pouso –
Deixam seus nomes vãos à porta, ao lótus
deitam-se escritos nas paredes brancas
As águas correm para o velho tanque
a relva próxima ao caminho brota
Cem pés é alto o pavilhão de ouro
e em frente ao rio, todo brilho, claro


Yu Xuanji (844-869). Nascida e falecida na capital Chang’na, foi um dos mais expressivos nomes da poesia chinesa do período final da Dinastia Tang. Uma das principais vozes femininas na literatura do país, é apontada como precursora da consciência feminista da Modernidade. Após o casamento como concubina com o funcionário Li Yi (a quem trata, em seus poemas, pelo nome Li Zi’na) e posterior abandono pelo marido, tornou-se, sucessivamente, monja taoista e cortesã. De grande beleza e inteligência viva, talento precoce, foi tornada como discípula pelo poeta Wen Tingyun aos 12 anos de idade. A personalidade independente e rebelde, a vidas considerada excessivamente livre em sua época, levaram a que fosse difamada e processada no caso polêmico do assassinato de uma criada, e executada, aos 26 anos de idade. A apreciação de sua obra tem sido renovada em tempos atuais, após períodos mais conservadores da sociedade chinesa. Os 48 poemas e 5 fragmentos que remanesceram testemunham uma poesia que inova por aprofundar o sensualismo típico do final da Dinastia Tang e desenvolvê-lo em uma voz autobiográfica e vital. Também pelo tratamento seguro de “grandes temas” filosóficos e históricos, porém sob o ponto de vista da experiência feminina.


TODOS OS DIREITOS RESERVADOS ÀS EDITORAS UNESP E BLOSSOM PRESS

TODOS OS POEMAS FORAM RETIRADOS DE “Antologia da poesia clássica chinesa: Dinastia Tang”. OS DIREITOS SÃO EXCLUSIVOS DAS EDITORAS E DOS ENVOLVIDOS.

TRADUÇÃO, ORGANIZAÇÃO, NOTAS E INTRODUÇÃO DE RICARDO PRIMO PORTUGAL E TAN XIAO.

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