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meu pai

por Nirlei Maria Oliveira
Homem velho de boné. Foto de Luísa Machado para poema "Meu Pai" de Nirlei Maria Oliveira.

Nirlei Maria Oliveira é poeta e bibliotecária com mestrado em Ciência da Informação. Nasceu em  Formiga/MG e reside em Campinas/SP. Trabalha no IFSP, Campus de Hortolândia. Atua com ações e  projetos de estímulo à leitura. Organizadora da coletânea Quarentena Poética publicada em 2020. Tem poemas publicados nas seguintes revistas literárias: Travessias Literárias, Cult – Lugar de Fala, Literatura e Fechadura, A Palavra No Agora – Museu da Língua Portuguesa, Revista Brasileira no XXI, Partilhas Poéticas do Museu Ema Klabin e Revista Acrobata. Também publicou nas coletâneas Enluaradas(2021) e Mulheres Maravilhosas (2021).


Meu Pai

avulta esse sentimento de sertanejo
que nasce, brota e amadurece
na aba do chapéu e nos calos das mãos
tangendo solitárias madrugadas


Minha Mãe

flores de papel
bonecas de palha
doces e  flores 
gentilezas e singularidades
universo de artesã de afetos


Lúmens

Lamparinas lumiosas no breu da noite,
procissão sem prece e sem os silêncios profundos.
Risos, brigas bobas, pequenas implicâncias,  
profusão de alegria nos  finos poros.

lenta e corajosamente avança,
caminha mato adentro, trilhas conhecidas, risos ansiosos, 
átimos da memória em noites sem estrelas.
crianças felizes, 
uma, duas, três, quatro, cinco,

Passo a passo, uma seguindo a outra,
pequenos lúmens que alumiavam
a noite de breu
no caminho para a casa do meu avô.


Estrelas no café da manhã e suco de laranja

peço pouco 
apenas as estrelas que brilham no escuro da noite

no café da manhã:
suco de laranja e pão de ontem

desejo linhas de fuga 
do agora

quero a(s)manhã(s) 
com explosão de luz(es)
entrando nos seus olhos
e nos meus


Poemas, boletos e cafés

olho a folha em branco
meia hora ou mais
nada emerge
nenhum verso
nada 

expiração forte 
inspiração nenhuma
as palavras fogem 
sem prévio aviso 

sobre a mesa
boletos, novos livros
café frio e amargo

as contas sempre chegam
luta  inglória
os boletos sempre vencem


Foto de Luísa Machado.

Comment (6)

  • Belíssimas linhas que nos levam a um tempo e espaço mais simples, mais humano, mais belo.
    São linhas que emocionam por me encontrar também nesse universo, em um passado feliz, porém já distante… e que tanta falta me faz.
    Parabéns Nirlei, pela sensibilidade que transmite em seus versos, e obrigado por compartilhar essas memórias que nos remetem a tantas vivências boas.

    • Muito obrigada, Davis pela leitura carinhosa dos meus poemas! Fico feliz quando os versos enontram ressonâncias e lugar de sentido!

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