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o cabide

por André Siqueira
andré siqueira

QUARENTENA

Os objetos conhecem
os quartos, partes, cômodos,
extensões de remansos
que abrigam toda a gente
íntima do silêncio
isolado na espera
de cada ser fechado.
Testemunhas ocultas
mesmo que emudecidas,
hospedeiros de gente
no vírus desse mundo.
Sem luva sinto, pálido:
os objetos na casa
prosseguem retesados
e infectados de gente.


O CABIDE

O cabide quase
terno de precisas
curvas e despidas,
na ausência do terno
mostra o figurino
vazado, vazio
de nada. Percebo
na estranheza tão
guardada que posso,
atento, vestir
a roupa de magra
vista do cabide
discreto, guardado,
dispensado só.


CAMA, MESA E BANHO

a fome não repousa
em cama pula e grita
em casa já relustra
os buracos da boca
de modorra morada
mas que se atiça agora
sedento peixe trêmulo
no ardor de nada ver
ômega apenas quieto
mas estrala a madeira
da cama mais e mais
de fome cancro unguento
limpa textura e lenta
secura a minha fome


André Siqueira mora em Jacareí, interior de São Paulo. Publicou em diversas revistas, jornais, antologias, blogues. Atualmente é colaborador da revista de arte e literatura Pixé. Lançou recentemente seu primeiro livro de poesia intitulado “As manhãs fechadas” pela editora Gataria. Cursou a
faculdade de Letras, porém não concluiu.

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