Bruno Oggione Bernal nasceu em 1990 na cidade do Rio de Janeiro. É graduado em Letras (UERJ), mestre em Literatura Portuguesa (UERJ) e doutorando em Literatura Portuguesa (UERJ). Autor dos livros Mãos de Ninguém (Editora Morandi) e Velas Pandas, andas… – Ode Marítima e Os Lusíadas (Folio Digital, no prelo).
um repique de cegueiras
(nada direi) uma tensão
de pensamento⠀⠀⠀um pensamento queimando
desse delírio mistral (dourando e adensando silêncios)
provedor de medos cegueira-pensamento
vale de lembrança⠀sinos em vento
como quem sonha⠀a contracegueira
e a contradelírio⠀⠀⠀pensa-mais-que-pensa
a ideia
os olhos que dançam
o corpo
o corpo no tecido que despontei
tua pele tão fria quanto o corpo
faiscávamos
almas
rumamos ao cume traduzimos
o sonho que luzia do firmamento:
olhos
olhos – uma onda fria
tua pele e minha pele
oferecem
joias
gemas
o ouro: de vento a vento
se contempla
uma onda ainda, aqui, e os navios
amanhecem no ar impuro
corpo no corpo, na água,
transparece assim:
liberto (em outros países)
oscila as imagens
que se diluem no poema
quando as pupilas pausam
o que ainda falta
em cada nome
para cada nome
seria antes uma caravana de almas
por estas marés de ideias
um salão de vento
apaziguado em fumos fulvos
caverna cor de ócio contra a porta
quando o assombro se ergue
indecidido entre o escombro
ou o céu alourado de estrelas –
nada sei nessa hora de almas andróginas
atenções femíneas bronzeadas a ouro fogoso
com sua ânsia de feixes encerrados
canta
partida de naus
a angústia
noite obscura entre as selvas
luz de sol cintilante
remando entre todos os azuis
libera uma amargura
homens, impuros, sem ar e densos
as grades, pesadas, estão próximas
é chegado o tempo em que os chacais renunciam
Foto de Luísa Machado.