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Quase visíveis

por Valeska Brinkmann
Fotografia: Barcos no rio Tamanduateí – Vincenzo Pastore (Acervo Instituto Moreira Salles).

Valeska Brinkmann nasceu em Santos. Tem poemas publicados em revistas literárias online e impressas. Em 2021 cursou o CLIPE- Curso Livre de Preparação de escritores, da Casa das Rosas (SP) e em 2022 o Poesia Expandida. Em Berlim, onde vive, integra o coletivo Glense.Traduz poesia alemã moderna e contemporânea (blog escamandro, revista Cult, revista intempestiva). Seu primeiro livro de poemas Tudo que fala canta, será publicado este ano pela Toma aí um poema.


quase visíveis

para Pollyana Sousa

todo dia não é esse dia esse
é o dia de sol e chuva esse
é o dia de roupa nova
de popeline de algodão
todo dia o menino corre
mas esse dia quieto
ele vê o tempo
trazer os verdes
todo dia você inventa
o mar você sonha
mas esse dia não todo
esse dia é olhos
nos olhos nos olhos
céu crivado de peixes
fibrilha pulsando poeta
e quase visíveis
são suas entranhas


killing me softly

a voz que amansa
é a mesma que alanha
leve suave coisa
fluida fugaz
entre prazer e
fenecer


paralelas

para Natan Barreto

como as paralelas do pneu
na água da rua
assim ficou essa
nossa história inglória
e crua contudo
sem falcatrua

nem copacabana
nem vilamadalena
o que digo nesse poema
espera ainda uma curva
uma derrapada
quiçá um telefonema

sou infinito errático
efeito dramático
do carinho do motor
e sim sim decifro charadas
melhor de que você
oh meu amor


Fotografia: Barcos no rio Tamanduateí – Vincenzo Pastore (Acervo Instituto Moreira Salles).

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