Lucas Ferreira Selva (1998)
Os amantes
Somos dois animais
Não nos casaremos
Não escreveremos poemas
Sob nenhuma circunstância
Virão e-mails e hóspedes
Virão, de longe, manhã e chuva
Como um cachorro arranhando a porta
Não abriremos.
A vida secreta
Quem te frequentará
E morderá teu lábio
Se nenhuma sombra ao menos
Todas as portas estão fechadas
Hermeticamente fechadas
E a noite desce como um suspiro
Quem? Você pergunta
E se levanta
Tirando o cabelo do rosto.
Escombro
A perda. Mas algo ainda resta
Tombaram cílios e pétalas
Tombaram a torre e a tua vida
Ainda resta.
Foto de Luísa Machado.