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5 prosas poéticas de Jandiro Francisco

por Jandiro Francisco
Arte: Grey Partridge with ox-eye daisies, de Bruno Liljefors.

Jandiro Francisco, Angolano de 20 anos, é Técnico Informático pelo IPB, escritor (contista, poeta e prosador) autor de E se pondera não fosse droga? (AJEA-Editora) e textos sobre quimeras cotidianas.


preocupação

o que me preocupa
é somente cuidar do hoje

— não rogo o amanhã,
deixo-o que venha em paz —

porque ainda que se queira,
o tempo não cabe
nas palmas das minhas mãos.


efeito dominó

o que do tempo sobra,
é uma marca da espécie
que não se vai.

este corpo,
embora possa ser modificado
pelo amanhã, ainda há de ser ontem.

“ao tempo, adequar-se”,

mas este efeito dominó dos dias
é-me nauseante
— como se eu precisasse
de tempo para digerir o tempo.


bicho

tínhamos muito amor
e pouca coragem,
isso sempre dá em nada.

o amor
é um bicho frágil
e mesmo que qualquer
bicho tenha o seu lado perigoso,
esse bicho, o amor,
quando sozinho,
corre às cegas.


pequeno questionário sobre a saudade

sente tudo e todos menos a si próprio?

às vezes, sente-se inútil
por não sentir nada?

nas artérias, por exemplo, não corre nada
senão o vazio existencial?

perde-se quando julga
que se encontrou?

isso é grave, mas recorrente.
o que tem é saudades de você.

e, saudades próprias,
na minha não humilde opinião,
é o ápice da solidão.


erguer o poema

ergo o poema
como se ergue o tempo:

um segundo por vez,
um verso após o outro;

um minuto por vez,
uma estrofe após a outra;

um dia de cada vez,
um poema de cada dia.


Arte: Grey Partridge with ox-eye daisies, de Bruno Liljefors.

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