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O Touro da Bolsa de Ouro ressente o nosso povo

por Geri Moskine
Foto "Em Busca do Ouro", de Cidade Cinza, para ambientar texto de Geri Moskine sobre Touro de Ouro do Centro de SP

Geri Moskine faz literatura, mas mantém os fatos. Aquele zumbido no pavilhão que invade pelas frestas. Não é a crise da imprensa, mas o que pode fazer para agravar. Sorrateiro na preservação da brasa, vê o que está implícito para criar contextos em movimentos de contestação que chafurdam no lixo, na sopa da cultura e na inconsistência coletiva da linguagem. Para entrar em contato procure o @GDegolado no twitter, colega de bar que anota num guardanapo e passa o recado.


O centro de São Paulo ganhou um touro d’ouro para simbolizar a “força do mercado financeiro no povo brasileiro”. Apesar da euforia dos idealizadores, a escultura cafona e com pouco entusiasmo foi associada à decadência do homem branco que se classifica como “artista plástico”, mas sem criações artísticas, já que seus quadros são os clientes. 

A ideia da escultura partiu de uma nota de R$ 200, “o lobo-guará”. O escultor indagou sobre uma nota de R$ 300 e pensou que gostaria de ver “algo genuinamente brasileiro. Então eu pensei em um touro, bicho presente no mundo inteiro.”

Após meses de trabalho e mais de 150 versões com acusações de plágio, afirmou que jura não possui qualquer inspiração no Charging Bull, touro de bronze situado na Wall Street. Enquanto o americano dizia que era um “símbolo da força “, o brasileiro afirma que seguiu um conceito “original” com material barato, pois usar metal nobre é ostentação e pode ser furtado. “Não tem valor, é feito de isopor e pintura automotiva igual de carro”, conta. 

“Tenho um olhar parado e sei que um desafio vai me encarar”, discorreu a própria obra durante a inauguração. O tal esculpido não foi capaz de deter quem se aventurou a inscrever marcas na sua pele ao amanhecer: pichações de “taxar os ricos”, “sua ação financia nossa miséria”, lambe-lambes com “FOME” e um churrasco de moradores de rua.

A estátua foi alvo de ações na Justiça por uso indevido do espaço público e protestos em razão do desemprego e superexploração do trabalho. A escultura idealizada pela financeira Vai Tourinho, também conhecida pelo programa Minuto Touro de Ouro, veio sem pedir licença e tinha características de publicidade irregular passível de multa – que ainda aguarda determinar o valor.

Após a decisão de se retirar, sua secretária informou que o levou para um depósito, onde mantém planos para uma nova exposição. O Touro nega dizer se vai ser peça do Museu da Bolsa, que captou R$ 7,7 milhões abatidos do Imposto de Renda com a Lei de Incentivo à Cultura, e reagiu às críticas em texto nas redes sociais, onde diz ser um símbolo de virilidade. “Diz a lenda que coçar meus testículos de baixo para cima traz mercados capitais, que atacam demonstrando que o longo prazo sempre valoriza”. 


CUT-UP das fontes:

‘Cafona’, ‘brega’: Touro de ouro da Bolsa em SP vira meme nas redes (Folha S. Paulo – 16/11/2021)

Quem é Rafael Brancatelli, artista que criou Touro de Ouro em São Paulo: ‘Um presente para o nosso povo’, ele diz (O Globo – 18/11/2021)

Touro de Ouro da Bolsa de Valores em SP volta a ser pichado (R7 – 18/11/2021)

Touro de Ouro da B3 é de isopor, anti-ostentação e não copia Wall Street, diz autor (Folha de S. Paulo – 21/11/2021)

“Touro de Ouro” é retirada da frente da Bolsa, veja vídeo (Monitor do Mercado – 23/11/2021)

Guilherme Benchimol critica retirada do Touro de Ouro do centro de SP (Valor Econômico – 25/11/2021)


Foto: “Em busca do ouro” (2021) – João Pedro Rocha/Cidade Cinza (@cidadecinza23)

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