SOBRE
O bairro do Pinheiro, onde Lili Buarque nasceu e cresceu em Maceió, já não existe mais. O palco de sua juventude deu lugar a escombros e rachaduras, o solo afundado após décadas de extração irregular de sal-gema na cidade. E a ameaça iminente das histórias das cerca de 200 mil pessoas afetadas caírem no esquecimento.
As crônicas de A fenda da lagoa são um registro da vida que pulsava pelo bairro antes de o chão tremer naquele 3 de março de 2018. Passeamos pelas memórias da autora em textos ora melancólicos, ora divertidos — muitas vezes, os dois. Ao longo dessa excursão, vamos desvendando o que há por baixo dos destroços das casas e negócios evacuados à força.
Selecionado pelo edital Multilinguagens, promovido pela prefeitura de Maceió, e pelo edital de literatura, do Governo de Alagoas, o livro conta também com uma versão em áudio gravada com voz da própria autora, que também é musicista, e tradução para Libras (Língua Brasileira de Sinais).
LILI BUARQUE
Lili Buarque é alagoana, musicista, produtora cultural e servidora pública. A fenda da lagoa (Cachalote, 2024), é seu livro de estreia.
TRECHO
“A perda brusca de um bairro apaga referências, apaga a memória, causa uma lacuna na cronologia de tanta gente. Preferi escrever em vez de apagar qualquer coisa. E por isso este livro. Para, de algum modo, tornar perene o que foi vivido ali. E para lembrar que antes de haver uma fenda havia ruas de barro, terrenos baldios, bicicletas, postes e fios, fogueiras, cheiro de pão recém-saído do forno.”
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