Com faro aguçado de repórter e ouvido atento ao humano comum, Luis Cosme Pinto entrega em Acabou, mas continua um conjunto de crônicas em que o olhar perspicaz se alia a uma prosa afetuosa, espirituosa e de rara empatia. Herdeiro da tradição de cronistas que caminham pela cidade mais para escutar do que para anunciar, Cosme não se ocupa de grandes feitos, mas das curvas tortas e deliciosamente imprevisíveis do cotidiano.
Neste novo livro, cada esquina, literal ou metafórica, é pretexto para um relato que começa com humor, tropeça numa lembrança e termina, como a cidade, pedindo fôlego para mais.
É assim, por exemplo, que um simples erro de rota entre duas ruas de nomes indígenas em São Paulo rende uma crônica saborosa, repleta de imagens inesperadas e comentários certeiros sobre a vida urbana.
“Acabou, mas continua”, diz o carteiro diante do escadão que interrompe a rua e, com isso, entrega também a chave da escrita de Cosme: uma literatura de persistência e espanto, que celebra o que segue, mesmo quando parece ter terminado. Aos 63 anos, o autor confirma seu lugar entre os grandes cronistas do país, escrevendo com frescor, generosidade e uma curiosidade que, felizmente, não se esgota.
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