SOBRE
Em sua estreia na poesia, Dora Lutz disseca a epiderme do cotidiano, deixando vir à superfície do corpo a água e o sangue, quase sempre ácidos – decorrência de um senso de humor típico dos escritores que, mais do que refletir ou idealizar qualquer coisa, mobilizam palavras que os tornem sensíveis para perceber.
Imaginativa sem perder o solo, a autora esboça uma visão sobre o dia a dia a partir do trajeto de uma formiga pelo corpo humano. Dona de uma poética móvel, ora tátil como uma vértebra, ora angulosa como um solstício, Dora Lutz desenvenena os leitores das substâncias que seu próprio livro esparrama.
Dora Lutz
Dora Lutz atua como editora e revisora. É mestranda em Teoria da Literatura e Literatura Comparada pela UERJ, bacharel em Letras pela UNIRIO e mantém o canal Livros & Pão, no YouTube. Participou em antologias de contos e de poesia e publicou o livro acadêmico O ghost writer e a autoria (in)visível (Multifoco, 2022). Em minhas veias corre uma formiga (Cachalote, 2024), é o seu primeiro livro de poesia.
Trecho
Do poema “Nunca te pedi nada”
Joguei a pergunta aos céus
escorreguei pelos arredores
sorri para as calçadas
impassível
fugindo de seus abraços
Rio da serpente [rasteja]
zombo o coelho [só sabe pular]
corro à frente
impossível
como a barata que sou
ou estou a me tornar
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