SOBRE
Jailton Moreira conheceu todo o tipo de arte em suas andanças. Artista plástico, professor e curador, a digestão de todas as obras que viu foi feita por meio de seu trabalho artístico e de suas aulas. No entanto, sempre sobrava algo em seu íntimo.
Ilustrações é a tentativa de ordenar as experiências vividas frente a determinados artistas e suas obras. São 29 poemas produzidos ao longo das três décadas em que o autor dizia ter abandonado a poesia. Agora, ele assume essa relação, mas coloca um quê a mais: se a imagem costuma ser um complemento ao texto, aqui o processo se inverte e o escrito é que se submete ao visual.
A poesia crítica, mais do que um convite a conhecer as impressões do autor sobre aquilo que o inspirou a escrever, é uma tentativa de fazer o leitor se tornar observador e ir conhecer por conta própria esses trabalhos. Um arquivo compactado esperando para ser aberto e causar todo o seu impacto.
AUTOR
Jailton Marenco Moreira (São Leopoldo, Rio Grande do Sul, 1960). Curador e cenógrafo. Junto de Elida Tessler, foi fundador e administrador do Torreão, espaço de produção, debate e pesquisa em arte contemporânea, atuante em Porto Alegre de 1993 a 2009. Ilustrações (Aboio Editora, 2023) é seu primeiro livro de poemas.
TRECHO
SERRA
CANTO I
Chumbo que se derrama em gretas.
Do ângulo fundido, seiva metálica,
uma floresta medra.
Jornada escrita.
Um diário de vagas,
arrebentações e praias.
CANTO II
Aço ou osso
que, ao cortar, berra.
É a pedra do ferro que fica, ou óxido que libera?
Grito que assoma
canto, peso, quinas.
Aboia e tange um esqueleto que se arquiteta.
Sinuca de bico que o drible
avessa.
CANTO SEM CANTO
Jiboia e naja.
Uma serpenteia a sala,
outra apoia a cauda enrijecida e se entesa.
Duas víboras (ou uma)
ameaçam com suas táticas.
CANTAR
Serão infinitivos para tantos sem fins.
Logos, jogos e lugar.
Conjugar.
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