SOBRE
Ora sarcásticos, ora melancólicos, os poemas de Júlio César Bernardes são um reflexo das angústias de toda uma geração. A hipermercantilização da vida, a digitalização dos hábitos, uma profunda descrença nas instituições e o medo de ter desperdiçado o melhor de si nesse redemoinho são fantasmas coletivos.
Ao satirizar as saídas fáceis – e sempre individuais – às quais se costuma recorrer, o autor recusa o consolo vazio e o conforto momentâneo. Nos versos de manifesto contra a felicidade eterna, a tristeza e o incômodo, mais do que legítimos, são necessários: quase sempre, é isso mesmo o que dá pra sentir.
Júlio César Bernardes
Júlio César Bernardes nasceu em 1993, no Vale do Paraíba, e vive há onze anos em São Paulo, onde cursa o doutorado em Sociologia. É autor de Onde as Verdades Nascem (Patuá, 2022) e integrou a primeira turma do Ateliê de Criação Literária da Biblioteca São Paulo, iniciado em 2023. Manifesto Contra a Felicidade Eterna (ou Cinco Réquiens para uma Morte Lenta) é sua estreia na poesia.
Trecho
TESTEMUNHO AO CONTRÁRIO E POR ISSO VÁLIDO
Nasci quatro meses depois
do massacre do Carandiru,
cinco meses antes
da chacina da Candelária
e seis meses antes
da matança no Vidigal.
Descobri isso no bar da faculdade
em 2012
e a cerveja, também lembro,
estava quente.
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