SOBRE
“inscrever poesia no corpo”, como bem posiciona a poeta Carina Carvalho na orelha, é a grande atividade forjadora do novo livro de Samara Belchior.
Em não tatuo nomes, a autora esparrama palavras em diferentes direções, carregando signos e corpos para diferentes endereços e pessoas, nunca nenhum deles nomeado.
Na poética da autora, a experiência artística da palavra-corpo se torna uma criação conjunta dos destinatários possíveis e impossíveis. Se o fenômeno comunicativo tem um fim ou destino, o que ecoa como voz, em não tatuo nomes, é a própria infinitude da linguagem de quem aprendeu a dedicar poemas.
SAMARA BELCHIOR
Samara Belchior nasceu em 1987. É autora de bruxismo e outras automutilações (Urutau, 2022) e pra não ser de plástico quero ser bruxa (Primata, 2023). Compõe o coletivo de poesia Bidê, junto ao qual publicou a Antologia Bidê ( Hecatombe, 2023). É professora de História e Filosofia na Zona Leste de São Paulo. Estudou poesia na Casa das Rosas, em SP, e estuda Dramaturgia na SP Escola de Teatro. Samara escreve como forma de existir no mundo, como quem, sabendo ser um corpo, escreve o corpo. Tem dois gatos e livros que já não cabem nas estantes.
TRECHO
não me dá um copo d’água
uma hora o homem não está
a hora que o seio rompe
que a boca estoura
que nego um óvulo
agora, quando digo que me pertenço
e deito minhas peças
em ambientes espaçosos
o homem não acha que pode me reunir
mas não me deixa espalhar
ㅤnão me dá um copo d ́água
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