SOBRE
Em um mundo tomado pela disputa entre aprovação e reprovação, Eduardo Rosal defende o erro pelo erro. Não como um passo a caminho para o sucesso, mas uma escolha de maneira consciente: a fuga de qualquer rota totalitarista que desconsidere nossas singularidades e diferenças.
“Ser escritor”, diz o poeta, “é um esforço destinado ao erro; é trabalhar com as ruínas do fracasso”. No entanto, é preciso continuar escrevendo, buscando, ou melhor, criando um sentido para nossas vidas. “Assim como é preciso ver Sísifo contente, precisamos ver o sorriso no erro”, sentencia.
O Sorriso do Erro apresenta 42 poemas divididos em seis seções – Os muros do nome, Dentro e fora, Os gestos no escuro, Croque de concretude, Lições de fragilidade e Errâncias. Embora cada uma tenha seu próprio mote, elas dialogam entre si, fomentando uma conversa que culmina em um questionamento para o leitor: afinal, o que é o erro?
AUTOR
Eduardo Rosal (Rio de Janeiro, 1986) é escritor, professor e antifascista. Autor de O sol vinha descalço (vencedor do Prêmio Maraã de Poesia 2015 e publicado pela Editora Reformatório). Doutor em Teoria Literária pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pela Université Nice Sophia-Antipolis (França).
TRECHO
ÁRVORE INVISÍVEL
Ser resistente
por ser frágil.
O que mais se quebra
é o que mais dura.
Volta a ser matéria
para outro futuro.
Ou evapora feito água
até virar memória.
E não se dobra,
não curva a espinha.
Quer mais que a espuma
das derrotas e vitórias.
Porque só existe a morte
depois do esquecimento.
Ser resistente
por ser frágil:
árvore invisível
que derruba muros.
Enquanto dança no ar
– translúcida – transforma.
Por ser frágil
ergue outras vidas.
Ser resistente por ser
anterior e posterior a si.
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