EU LÍRICO
O homem estranho ao espelho perpassa atônito:
vai a bares, praças, escreve versos, toma cerveja.
Faz-se semiconhecido entre os meus.
E, antes do repouso, deita sobre a face muda
uma oração implorando por encontrar
o próprio espaço.
RITO
Tatear o próprio rosto
por detrás das lágrimas
vestidas de noite.
Conhecer no toque a
compleição desnuda
— como n’alvorada
virgem: ainda sóbria
do choque das
devoções miúdas.
NARRATIVA
I.
Busquei o equívoco: igual outros quis
glórias patéticas, como se qualquer
paixão fosse ponto de unidade.
Por sorte soube apenas do
caminho deflagrando-me
degredo, alteridade.
II.
Não me cabem nos dedos
os amores platônicos.
Venero apenas este
desejo desenfreado:
amar por amar
sem ensejar
ser amado.
III.
A incompletude é minha única glória.
Verdade à qual habito.
De todo amor narrado,
medito arestas arquétipas,
retiro apenas as lições
do mito.
Lucas Luiz: Nascido em Guararema no ano de 1991. Iniciou publicando crônicas no “Jornal D’Guararema” e depois poemas no site de variedades “Guararema Tem”. Foi redator do programa “Guararema Online” da Produz Áudio&Vídeo. Recentemente colaborou com as Revistas Literárias: Avessa, Inversos, LiteraLivre, Ser Esta, Bibliofilia Cotidiana, Contempo, A Bacana, Philos, Ruído Manifesto, Subversa e Mallarmargens.