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Um crime de Hamlet

por André Balbo
Desenho de Ariyoshi Kondo.

André Balbo nasceu em São Paulo em 1991. É contista e tradutor. Autor de 4 livros, entre eles o mais recente Sem os dentes da frente (Aboio, 2023), e tradutor, dentre outros, do escritor italiano Alberto Moravia.


Trecho de Um crime de Hamlet (inédito), tradução-abelhudice de Hamlet, de William Shakespeare, a partir de entrecruzamento plagiário com o conto “O crime do professor de matemática” (Lispector, Laços de família). Há dupla ferroada: intenção de parricídio (Gontijo Flores-Capilé) e de renascimento do veneno shakespeariano-hamletiano – a palavra como humor (pus e riso) popular – encapsulado pela epiderme da erudição normativa. Shakespeare como inventor do humano, sim, mas o humano do ponto de ônibus, da fila da lotérica, da arquibancada de estádio, do culto religioso, da dor de barriga matinal, da vontade de misturar macarrão e sashimi no almoço do quilão. Há mais Hamlets cruzando uma rua esburacada numa terça-feira chuvosa do que nos grandes espetáculos narrativos que anseiam por salvar a humanidade.

Agradeço a Arthur Lungov pela revisão dos trechos escritos em verso.


Máscaras do ato:

Dois homens, um PEDREIRO e um JARDINEIRO.

HAMLET, um psicólogo e professor de matemática voluntário.

HORÁCIO, assistente de Hamlet.

_

Uma clareira no alto de um morro.

Os sinos tocam na comunidade embaixo. Veem-se apenas os tetos irregulares das casas.

Chegam dois homens vestindo capas de chuva carregando pás, uma picareta e um saco preto.

JARDINEIRO Como é que nós vai enterrar a criança no morro se ela tinha família na igreja?

PEDREIRO Enterrando. Cava a cova bem ligeira. O tal do leitista do iml cuspiu o relatório e a igreja entregou pra Cristo.

JARDINEIRO Como pode um troço desse, quer dizer que ela se atirou no córrego pra se salvar?

PEDREIRO É por aí mesmo.

JARDINEIRO Deve ter sido legítima ofensa, não tem jeito. Sente só: se eu me afogo de propósito, tá provado que é uma ação minha, e uma ação tem três batidas, que é ta, ti-ti, ta. Dessorte, ela se afogou porque quis.

PEDREIRO Pera lá, mas pensa numa coisa, camarada…

JARDINEIRO Guenta aí. [Abaixa-se e espalha as gotículas de chuva na pá com o indicador.] Aqui tem o córrego, certo. Aqui tem a criança, certo. Se a criança pula no córrego, e se afoga, quis ou não quis, ela pulou, tá me entendendo bem? Só que se o córrego corre até a criança e afoga ela, não foi ela que se afogou. Dessorte, quem não faz a própria morte, não desfaz a própria vida.

PEDREIRO Isso aí é um ditado?

JARDINEIRO Ô, se é, o próprio leitista deve ter ditado.

PEDREIRO Quer saber a verdade? Se fosse uma das filhas do pastor, iam enterrar ela no cemitério.

JARDINEIRO Matou. É coisa de louco: um pastor bonito tem permissão pra despachar criança afogada pro jardineiro da igreja enterrar escondido. Chega de papo, pega a pá. Não tem trabalho mais honesto que o dos jardineiros, pedreiros, coveiros, nós seguimos a profissão do Adão.

PEDREIRO Adão era coveiro?

JARDINEIRO O primeiro a se armar na terra.

PEDREIRO Nunca ouvi o pastor falar isso.

JARDINEIRO Que diacho de culto é o seu? Nunca leu a Bíblia? A Bíblia diz que o Adão semeava. Como ia fazer isso se não tivesse armado? Vou lançar outra: se você não responder direito, pode ir deixando ao sambista mais novo…

PEDREIRO Lança aí.

JARDINEIRO Quem é que constrói mais forte que o pedreiro, o fuseiro e o carpinteiro?

PEDREIRO Os ferreiros que põem ferro nas cadeias, porque as grades sobrevivem a uma cacetada de condenados.

JARDINEIRO Safado, brincou bem com as palavras, boa bola. Quer dizer, boa bola pra um time que tá perdendo. Mandou mal em dizer que a cadeia é mais forte que a igreja. Dessorte, tu tá preso na resposta errada. Mais uma chance, vai.

PEDREIRO “Quem é que constrói mais forte do que o pedreiro, o fuseiro e o carpinteiro?”

JARDINEIRO Vai, responde logo, e pode pendurar a chuteira.

PEDREIRO Tá na ponta da língua.

JARDINEIRO Manda.

PEDREIRO Ave Maria, não sei.

‎‎                Entram Hamlet e Horácio, à distância, o primeiro com uma pá, o último com um caixote florido.

JARDINEIRO Para de quebrar a cabeça com isso, que pedra dura em testa mole tanto bate até que explode. Da próxima vez que ter perguntarem isso, responde: “coveiro”. As casas que ele constrói duram até o pedido final. Vai, desce lá no Carlão e traz um guaraná pra nós.

‎‎                [Sai o Pedreiro.
‎‎                O
Jardineiro cava e canta.]

‎‎                Sem barba, eu amava, se amava,
‎‎                        Minha vida era uma canja,
‎‎                Encolher, ó, tempo rei, ah, me obrigava,
‎‎                        Ó, sem nenhum grão pra quem manja.

HAMLET Esse homem já deve ter visto de tudo, cantando enquanto abre uma sepultura.

HORÁCIO Cada um canta quando se acostuma com a garganta.

HAMLET Tem razão. A voz que pouco fala tem o timbre mais compassivo.

JARDINEIRO [Canta.]

‎‎                Mas a barba, com fios claros,
‎‎                        Me apanhou pontuda,
‎‎                E me embarcou lá pro barro,
‎‎                        Onde a gente já nasce muda.

‎‎                [Chuta um crânio para o alto.]

HAMLET Esse crânio já teve língua, e podia cantar, um dia. E agora veja como o trabalhador o atira e chuta no chão, como se fosse a mandíbula de um assassino, um parricida qualquer. Pode ter sido a cabeça de um vereador, esse osso de que o homem se apossou, de alguém que perjurava até para Deus, não é possível?

HORÁCIO É possível.

HAMLET Ou de um lambe-cu que dizia “Salve, queridão! Tudo na paz, meu bom?” Pode ter sido um Secretário da Silva, que bajulava um Secretário da Costa, na esperança de vê-lo de costas, não acha possível?

HORÁCIO É possível.

HAMLET Pois é, na mosca, e agora quem manda nele são as minhocas, desqueixado, e com a cachola macetada pela pá de um coveiro. Eis uma bela troca, se tivéssemos cabeça para entendê-la. É para isso que nascemos com ossos, para que alguém um dia bata umas embaixadinhas? Daqui a pouco vou gritar gol.

JARDINEIRO [Canta gesticulando.]

‎‎                Picareta, e uma pá, pá,
‎‎                         E um lençol que se arranja:
‎‎                Ó, bem no lodo a cova será
‎‎                         Prum conviva que manja.
‎‎                [Chuta outro crânio.]

HAMLET Mais um. Bem que podia ser o crânio de um investidor. Onde estão agora as suas cotações, as suas alíquotas, os seus deitreides, as suas custódias, a sua liquidez? Como é que agora suporta que esse coveiro esperto lhe surre o melão com uma pá imunda, sem processá-lo por lesão corporal? Hum! Esse indivíduo deve ter sido um gestor de fundos em seu tempo, com os seus portefólios, a sua rentabilidade, as suas taxas, a sua renda variável, os seus retornos. Seria esta a lei do retorno dos seus ganhos, o achatamento da sua posse, arreganhar sua bela tacha assim desapossada? Seus ativos continuarão ativando flutuações, e excedentes também, mais do que um punhado de bitcoins? Hoje todo os seus bens caberiam com folga neste buraco, e o próprio herdeiro não teria moeda de troca para esta terra, não é?

HORÁCIO Nem um centavo.

HAMLET O bitcoin não é feito de imaginação?

HORÁCIO É, sim, e de criptografia também.

HAMLET São os jovens e os sobrinhos que confiam nessa porra. Vou falar com esse camarada. De quem é essa cova, meu rei?

JARDINEIRO É minha, meu príncipe.

‎‎     [Canta.] ‎‎     Ó, bem no lodo a cova será
‎‎                Prum conviva que manja.

HAMLET Deve ser sua, de fato. É você que se engazopa nela.

JARDINEIRO E você logra fora dela, então não pode ser tua. Da minha parte, não me omito nela, mas ela é minha.

HAMLET Está mentindo, aí embaixo e dizendo que é tua. Isto é para os mortos, não para os agitados, você omitiu.

JARDINEIRO Deitou na resposta, jogador, eu na assistência e você na finalização.

HAMLET Para qual homem você está cavando?

JARDINEIRO Pra homem nenhum, cumpadi.

HAMLET Para qual mulher, então?

JARDINEIRO Nenhuma.

HAMLET Quem é que está no saco preto que você vai enterrar aí?

JARDINEIRO Alguém que não chegou nem a ser jovem. Pobre criança, foi-se afogada.

HAMLET [Para Horácio.] O filho da puta é um português. Temos que falar com a regra debaixo do braço, ou nos confunde em suas literalidades. Ainda bem, Horácio, nos últimos anos tenho observado isso nas salas de aula: os tempos mudaram tanto que a ponta da pá do coveiro chega perto do calcanhar do bacharel e lhe esfola os calos. [Para o Jardineiro.] Há quanto tempo você cava covas?

JARDINEIRO Entre todos os dias do ano, comecei no dia em que sumiu a primeira criança do orfanato.

HAMLET E isso faz quanto tempo?

JARDINEIRO Você não sabe? Qualquer bocó saber dizer. Foi no mesmo dia em que o pastor roqueiro foi pego no ato, aquele que enlouqueceu e fugiu pro estrangeiro.

HAMLET Por que ele saiu do país?

JARDINEIRO Ué, porque enlouqueceu. Ele deve mudar de tom lá naqueles cantos, e se não mudar, não pega nada.

HAMLET Por quê?

JARDINEIRO Porque no estrangeiro ninguém ia perceber nada. Lá os pastores que cantam são loucos como ele, ou até pior, porque cantam em língua enrolada.

HAMLET Como é que ele enlouqueceu?

JARDINEIRO O bagulho foi louco, dizem por aí.

HAMLET Louco como?

JARDINEIRO Acredito que de perder o juízo.

HAMLET Quero saber em que pé a coisa se deu, entende?

JARDINEIRO Aqui mesmo, no pé do morro. Já sou jardineiro na comunidade, inocente a culpado, tem uns quinze anos.

HAMLET Por quanto tempo um corpo fica na terra até apodrecer?

JARDINEIRO Olha, se ele já não estava podre antes de morrer – é só ver hoje a quantidade de carcaça empestada que mal aguenta o enterramento – deve durar mais de nove anos. Um curtidor dura bem dez anos.

HAMLET Por que mais que os outros?

JARDINEIRO Ué, o couro dele tá tão curtido com o ofício que barra a água de penetrar por muito tempo, aí você tem que a água é a úlcera destruidora da merda do teu cadáver. Aqui outro crânio. Esse crânio ficou enterrado treze anos.

HAMLET De quem era?

JARDINEIRO Um morto muito louco. De quem acha que ele foi?

HAMLET Não sei.

JARDINEIRO Morreu foi pouco esse tratante louco. Uma vez ele derramou na minha cabeça meia garrafa de pinga. Este crânio aqui, amigo, foi o crânio do Jorginho, o rapaz da história do pastor roqueiro.

HAMLET Esse?

JARDINEIRO Este mesmo.

HAMLET Posso ver? [Pega o crânio.] Ah, lá, se não é o Jorginho. Foi meu aluno, Horácio, um rapaz generoso até o fim, somava e subtraía que só ele. Me ajudava carregar cadernos e pastas. E agora, como é curioso me lembrar disso. Minha boca treme só de pensar. Aqui ficavam os lábios que abriam e fechavam não sei quantas vezes. Onde estão suas tirações agora? Tuas pedaladas? Teu batuque nas carteiras? Tuas sacadas que eram capazes de fazer a sala explodir em risadaria? Nenhuma mais agora, para zombar do teu próprio arreganho? Ficou de queixo caído? Corre agora até a cidade da minha ex-mulher e diz a ela que, por melhor que capriche no reboco, é isto o que a espera. Faça ela rir disso. Por gentileza, Horácio, me diz uma coisa.

HORÁCIO Que coisa?

HAMLET Você acha que um Tiradentes tenha igual aspecto, dentro da terra?

HORÁCIO Igualzinho.

HAMLET E igual fedor? Difícil. [Atira o crânio.]

HORÁCIO Igualzinho.

HAMLET A que ponto chegamos, Horácio. Por que não pode a nossa imaginação rastrear as cinzas de um Tiradentes, até encontrá-las obstruindo um anel de couro?

HORÁCIO Seria uma ideia um tanto residual, essa.

HAMLET Não, nem um pouco, é apenas seguir esse domínio com validade, a coerência como guia. Tiradentes morreu, sua cabeça foi enterrada, Tiradentes voltou ao pó, o pó é terra, da terra fazemos o barro, e por que esse barro em que ele se converteu não poderia tapar uma caçapa?

               Senna de Ímola, em curva enlodado,
               Correria no vento outro traslado:
               Ó, tre-treme a terra, causa temor
               Tapando solo e sol qual cobertor.

Mas calma, vamos lá. É hora do nosso enterro.

               [Retorna o Pedreiro com uma garrafa de guaraná.]

               Afastam-se Hamlet e Horácio, param dez passos depois.

HORÁCIO Aqui está bem?

HAMLET Bem está o que se enterra
bem, escolha agora uma baixa
do terreno para abrir os trabalhos.

HORÁCIO Talvez embaixo da árvore, aqui mesmo.

HAMLET Ou depois dela, sem sombra
calculada de antemão,
podemos dar ao
ato a fatalidade do
acaso, mandar para o inferno
as equações, mais importa a fundura ser
pouca do que o local da sepultura.
O fato deve estar visível
à superfície do mundo
sob o céu, evitando a forma íntima
e impune de um pensamento.
Vai, Horácio, não demora,
escolhe um espaço
e abre uma fração no solo
para o termo.

               [Horácio enfia a mão na caixa florida e puxa um pequeno cachorro morto.]

HAMLET Você é um jovem sombrio,
logo se vê. Vai,
põe progressão nessa pá,
que dois palmos bastam
para o bichinho falido,
umas poucas braçadas de
lida e então um abraço.
Diga, Horácio,
está interessado na picareta
de um dos coveiros?

HORÁCIO Assim está bem.

HAMLET O que você acha do nome deste cão?

HORÁCIO Para mim é uma incógnita.

HAMLET Chamavam a este pequeno José,
porque era a cara do dono,
mas o que pode querer dizer um
cão que tem a cara de um devedor
de agiota de morro?
Cão minúsculo, malfeito
no focinho desconjuntado.
Não haverá no mundo todo um só
cachorro de coleira que sobreviva
aos pontapés de um adulto encolerizado.
Seu destino é encher os dentinhos
de terra e uns quebrados.
Vai, Horácio, cobre o cão com terra,
aplaina o barro com as mãos,
sentindo com atenção e prazer sua forma
nas palmas como se o alisasse várias vezes.
O cão agora é apenas uma aparência do terreno.
Sacode a terra das mãos,
esquece a cova, você fez tudo,
de cima até quase fundo, do seu crime passado
te fiz isentado e agora você me devolve
o agrado. Entende por que tive
que dar cabo do cão?

HORÁCIO Entendo.

HAMLET Não me reputa psicopata?

HORÁCIO Não.

HAMLET Reputação é uma invenção
inútil. Um filho da puta
às vezes precisa espancar um cachorro
inofensivo para espantar algum leão
que ninguém mais viu.
Enquanto um cheira as ruas abanando o rabo,
o outro rouba pedaços sem abono.
Um crime substitui o outro,
teorema natural antes de qualquer regulamento
imposto. Há tantas formas de ser culpado
e de perder-se para sempre
e de se trair e de não se enfrentar.
Eu escolhi a de ferir um cão.
Vai, Horácio, o que é que eu sempre te falei da esperteza?

HORÁCIO Um jogador ainda consegue ser mais esperto
que o apito final.

HAMLET Isso era em outro contexto,
mas bem colocado, o espírito é este.
Todos são cúmplices entre si,
seria preciso bater de porta em porta
e mendigar em meio à chuva que me acusassem
e me punissem. Todos me bateriam a porta
com uma cara de repente enfurecida,
de raiva e de água,
como é que falou o coveiro mais cedo?
A coisa sobre a água e a pele…

HORÁCIO Úlcera.

HAMLET Será, Horácio, será mesmo
que a água é chaga,
não chega disso a essa altura?

HORÁCIO Acho que chega.

HAMLET Sempre atento, Horácio.
Agora nosso trabalho está feito, e ali os dois coveiros
ao que parece já cobriram o corpo imaturo,
processado pela pá in natura. Não cheguei a vê-lo,
ainda bem, mas só posso imaginá-lo
miúdo, criança quando se afoga
em fuga é uma tragédia de resultado.
Cena sombria. Mas nada assegura
que se tivesse vivido teria sido uma grande vida,
florida como a caixa que você tem nas mãos.
Nem toda ave conhece cantilena.
Que a música que aquele coveiro canta fale
alto por todos os mal-amados,
os cães fodidos e outros pequenos
enjeitados.

               [Evadem-se o Hamlet e Horácio.]

               Riem o Jardineiro e o Pedreiro.

JARDINEIRO Vai por mim, camarada, é isso mesmo. Você é novo por aqui, eu conheço a gente toda. O professor ajudou na educação de muita criança desviada, ninguém nega, mas ganhou cartaz foi pelo temperamento, a mania de encher a lata com bandido e se esquecer de onde veio, turista envolvido com quem não deve, metido em maldade por excesso de brandura.

PEDREIRO Não parecia brando, estava pronto pra enterrar alguma coisa igual a nós.

JARDINEIRO A alma é branda, ou era no começo, uma pena que não se conheça alma de homem que resista ao primeiro pentelho. E mesmo assim é capaz que esse professor esteja hoje menos abatido do que estaria na cidade entre os seus, vai saber do que ele tá fugindo.

PEDREIRO Ele foge?

JARDINEIRO Você acha mesmo que alguém ensina dois mais dois de graça em pé de morro sem ter deixado aberto na praça um bom fiado?

PEDREIRO É difícil acreditar em bondura.

JARDINEIRO Acredito.

PEDREIRO E o que tinha na caixa que o mais quieto carregava?

JARDINEIRO A mesma coisa que eu e você carregamos até aqui no saco.

PEDREIRO Outra criança?

JARDINEIRO Não, camarada. Alguma coisa que não chegou a ser coisa nenhuma.

PEDREIRO Tem nome pra isso?

JARDINEIRO Aí vai do gosto do paroquiano. Da minha parte, é tudo Jorginho.


Desenho de Ariyoshi Kondo.

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