Letícia Miranda (https://aboio.com.br/tag/leticia-miranda/) (1996) vive e trabalha no Distrito Federal. É poeta, artista visual e professora. Formada em Letras Português pela Universidade de Brasília, especialista em Fotografia pela Faculdade Unyleya e mestranda em Artes Visuais pela Universidade de Brasília. É autora de A suspensão de Tomie Ohtake (https://www.editorapenalux.com.br/catalogo-titulo/a-suspensao-de-tomie-ohtake), publicado pelo selo Auroras, da editora Penalux.
Sem título
As formas
emendadas nas cores
se deslocam
permanece o gesto
de uma mulher
centenária
Oceano
Instalada a hipnose
tento descobrir como você entrou nos meus olhos
por isso volto à escrita do desenho, à marca das camadas
ao azul e ao preto e aos furos que não consegui fazer
só encontro o rastro do lápis gorduroso
como num susto tiro as travas, vejo a volúpia da grafia
e teu nome ressurge
A suspensão do amarelo ovo
Meus olhos demoram nas formas, nas linhas, nas fissuras
o tatear impossível
não devora as texturas, nem se dissolve na aspereza
pela rachadura atravesso a superfície
há uma dobra que sustenta a deformidade
os pulmões gastos
do tamanho de uma noz
estão cheios, secos e mortos
Você acabou de ler uma seleção de poemas de A suspensão de Tomie Ohtake (https://www.editorapenalux.com.br/catalogo-titulo/a-suspensao-de-tomie-ohtake) (Editora Penalux, 2022), livro de Letícia Miranda (https://aboio.com.br/tag/leticia-miranda/). Gostou dos poemas? Adquira-o completo clicando aqui! (https://www.editorapenalux.com.br/catalogo-titulo/a-suspensao-de-tomie-ohtake)
Mais sobre a obra
A suspensão de Tomie Ohtake (https://www.editorapenalux.com.br/catalogo-titulo/a-suspensao-de-tomie-ohtake) traz, desde o título, o sentido ambíguo que tanto permite ler a suspensão como objeto da artista e, portanto, deste livro, como também, por outro lado, a artista enquanto suspensa, flutuante, espectral, assim como sua obra. Nesse duplo sentido, a suspensão, matéria-prima de Ohtake, é também a matéria-prima da invenção de Letícia Miranda, que não só escreve sobre Ohtake e para Ohtake, mas escreve, inventa, ficcionaliza uma nova Ohtake.
Danielle Magalhães
Foto de Luísa Machado (https://aboio.com.br/tag/luisa-machado/).
Natan Schäfer (Ibirama, 1991) é mestre em estudos literários pela Universidade Federal do Paraná e pela Université Lumière Lyon 2. Foi professor do curso de Bacharelado em Artes Visuais da UNESPAR, membro da Psychoanalytische Bibliothek Berlin e tradutor convidado nas residências Looren América Latina (Suíça) e Résidence Passa Porta (Bélgica). É autor de Taquaras (Contravento Editorial, 2022) e tradutor de, dentre outros, Por uma insubmissão poética (Sobinfluência, 2022) e La promenade de Vénus (Venus D’Ailleurs, 2022). Atualmente é responsável pela Contravento Editorial, também assinando a coluna "A Fresta" na página da editora Aboio. Além disso, dá a ver em desenhos, pinturas, escritos e fotografias algo da poesia que lhe atravessa.