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Modelo editorial

Modelo editorial

Entenda como funciona o modelo editorial da Cachalote: contrato de edição, pré-venda mínima, curadoria rigorosa e transparência em todas as etapas.

Atualizado em 07/08/2025

Atenção

Aqui tem transparência 🐋

Este documento apresenta detalhadamente o modelo editorial da Cachalote, com ênfase na estratégia de pré-venda. Antes de enviar seu original para a chamada aberta, leia com atenção e avalie se o nosso trabalho faz sentido para você. Recomendamos a leitura sequencial, mas você também pode usar a barra de navegação.

O que sustenta o modelo editorial da Cachalote: curadoria, contrato e transparência#

Na Cachalote, publicamos literatura brasileira com base em um modelo editorial que combina curadoria rigorosa, produção profissional, edição e preparação de texto de excelência, pagamento de direitos autorais e sustentabilidade financeira de longo prazo.

A pré-venda mínima é uma das ferramentas desse processo: uma campanha planejada pela editora, que antecipa a divulgação da obra antes da publicação. Essa mobilização faz parte da estratégia de circulação do livro, inclui prestação de contas ao autor e reforça nosso compromisso com a construção de um ecossistema literário ativo, em que os livros efetivamente encontram seus leitores.

Ao longo desta página, vamos explicar com detalhes o modelo editorial da Cachalote e apresentar os argumentos práticos e jurídicos que embasam nossa escolha, demonstrando, inclusive, por que nosso modelo não se confunde com a figura da prestação de serviço.

Antes de começar, uma nota em bom e direto português: se a Cachalote dependesse apenas de campanhas de pré-venda, quebraríamos em no máximo 6 meses (sim, fizemos as contas).

O papo é longo e um pouco árido, mas se quiser seguir com a gente, passa um café e vamos nessa.

Algumas linhas sobre transparência, responsabilidade e critérios objetivos#

A relação entre autor e editora pode ser analisada por diversos ângulos: ético, cultural, social, econômico. Todos são válidos e atravessam nossas decisões cotidianas, da curadoria de originais à divulgação do catálogo. Esses aspectos permanecem abertos ao debate público.

No entanto, em um cenário de incertezas, entendemos que a transparência precisa se apoiar em critérios objetivos e verificáveis. Ao apresentar nosso modelo editorial, optamos por priorizar três aspectos:

  1. a dinâmica do mercado editorial brasileiro e como posicionamos nossas práticas neste contexto;
  2. os dados de campanhas de pré-venda do primeiro ano de operação da Cachalote; e
  3. a legislação vigente, em especial a Lei de Direitos Autorais, e os efeitos concretos de um contrato de edição – sabemos que a linguagem jurídica pode ser densa, mas um debate qualificado sobre modelos editorias não pode prescindir da análise legal.

Transparência também é saber com quem estamos dialogando#

No Grupo Aboio, acreditamos que não basta dar nome aos bois: é preciso mostrar as caras.

A Cachalote foi fundada por Leopoldo Cavalcante, editor da Aboio, e André Balbo, autor que publicou livros em diferentes editoras, desde “tradicionais” – muito diferentes entre si – até uma editora com modelo baseado em “pós-venda”. Ao apresentar a ideia original da Cachalote para Leopoldo, em 2023, Balbo tinha em mente a editora que gostaria que existisse para ele mesmo como autor – e que, acompanhando o mercado editorial desde 2015, sabia que muitos escritores também gostariam que existisse.

Nossa editora nasceu do entrelace de experiências concretas, assimiladas por profissionais de campos diferentes, marcadas muito mais por ceticismo do que por satisfação. A ideia de como aproximar esses “mundos” – o do autor e o do editor – foi justamente romper com o binarismo, passando a entender autores e editores como organismos complexos que interagem entre si e com o ambiente em que coexistem: o mercado editorial brasileiro.

A falta de transparência afeta todo o ecossistema literário#

A demanda por mais transparência no mercado editorial é legítima – e antiga. Ela não parte apenas de autores: editoras conscientes também reivindicam clareza, por exemplo, nos critérios de repasse de vendas e prestação de contas em livrarias, regras de editais públicos e composição de bancas em prêmios literários.

Por isso, a Cachalote optou por tornar público seu modelo: para que autores analisem nossa proposta antes mesmo de enviar originais. E para que editoras, alinhadas com a missão de transparência, encontrem aqui referências e dados com os quais possam dialogar.

Transparência, aliás, nunca foi um gesto reativo por aqui. Desde o início, esse tem sido um dos compromissos do Grupo Aboio, que entende a democratização do conhecimento e o acesso à informação como princípios estruturantes. Um exemplo disso é o projeto Aboio Acessível, que desde 2023 oferece gratuitamente versões digitais dos livros publicados.

Almanaque Aboio: conhecimento aberto para autores, editoras e amantes da literatura#

A publicização do modelo editorial da Cachalote não é uma ação isolada. Esta página integra o Almanaque Aboio, plataforma criada em 2024 para disponibilizar informações sobre o mercado editorial e compartilhar nossos processos internos. Inspirado na cultura open source de empresas de tecnologia, o Almanaque é um ambiente colaborativo que aposta no acesso ao conhecimento como base para o amadurecimento do mercado editorial.

Não confunda: cada editora com o seu modelo – aqui, o da Cachalote#

Este documento descreve como funciona o modelo de pré-venda da Cachalote – e apenas ele. Não avaliamos o trabalho de outras editoras. Do mesmo modo, não consideramos válidas comparações com propostas editoriais vagas ou não documentadas, ou que usam a expressão “pré-venda” sem esclarecer seus termos e práticas.

Nesse contexto, defendemos uma conduta simples e sensata: desconfiar de modelos obscuros e ouvir com atenção quem abre seus processos. Não apenas a Cachalote, mas qualquer editora que se disponha a tornar públicos seus contratos, procedimentos e critérios.

Não pedimos um voto de confiança. Propomos uma conversa honesta. Vamos nessa?

Pré-venda mínima: um único termo para muitos modelos distintos#

“Pré-venda mínima” se tornou um termo recorrente no mercado editorial. Mas, por trás da expressão, convivem práticas bastante distintas.

Em alguns casos, o termo é utilizado para encobrir modelos que transferem integralmente os custos ao autor, sem que a editora assuma riscos reais, ofereça contrapartidas concretas ou invista de fato no livro. Nesse cenário, a prática se aproxima mais de uma prestação de serviço do que de uma proposta editorial em sentido próprio.

Mas atenção: a simples existência de uma pré-venda mínima não transforma automaticamente um modelo em prestação de serviço.

Essa simplificação, embora útil para sinalizar riscos, ignora critérios jurídicos fundamentais e desconsidera a diversidade de modelos legítimos que hoje coexistem no mercado.

Então como saber se um modelo é uma proposta editorial típica ou uma prestação de serviço? Aqui, olhar para a lei e, principalmente, para as responsabilidades que cada modelo enseja, ajuda bastante. É isso que faremos a seguir.

O que diz a lei: diferenças entre edição e prestação de serviços#

Entender a diferença entre um contrato de edição e uma prestação de serviço é algo simples e ao alcance de todos. A legislação brasileira trata essas figuras com bastante clareza, e conhecer essas distinções é fundamental para quem publica, escreve ou edita livros.

A seguir, apresentamos os principais dispositivos legais relacionados ao contrato de edição e à prestação de serviço, esclarecendo o que diferencia esses modelos e como a Cachalote se posiciona nesse contexto.

Contrato de edição: a exploração comercial de uma obra por tempo determinado#

O contrato de edição está previsto entre os artigos 53 e 67 da Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/98). Seu artigo inaugural define com precisão a natureza do vínculo:

Art. 53. Mediante contrato de edição, o editor, obrigando-se a reproduzir e a divulgar a obra literária, artística ou científica, fica autorizado, em caráter de exclusividade, a publicá-la e a explorá-la pelo prazo e nas condições pactuadas com o autor. [grifos nossos]

Termos essenciais:

  • Reproduzir: fazer cópias físicas ou digitais da obra.
  • Divulgar: promover e dar visibilidade à obra no mercado.
  • Publicar: tornar a obra acessível ao público, por meio de editoração e distribuição.
  • Explorar comercialmente: vender e/ou negociar os direitos da obra com fins econômicos.
  • Exclusividade: apenas a editora pode explorar a obra durante a vigência do contrato.
  • Prazo e condições pactuadas: determinam duração do contrato, remuneração, tiragem e demais obrigações.
O contrato de edição é um vínculo que se prolonga no tempo, com obrigação de divulgação e exploração econômica por parte da editora.

O autor, nesse modelo, não é cliente da editora. É titular de direitos patrimoniais – isto é: direito de lucrar com a própria obra – que cede temporariamente para publicação da obra em troca de remuneração proporcional às vendas. Seu desejo, ao menos em tese, é que o livro circule, seja lido, comentado e reconhecido, não apenas publicado.

Prestação de serviços: a execução de uma tarefa delimitada#

A prestação de serviços está prevista entre os artigos 593 e 609 do Código Civil. Seu artigo central afirma:

Art. 594. Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser contratada mediante retribuição.

Características principais:

  • Serviço material ou imaterial: revisão, capa, impressão, divulgação, assessoria etc.
  • Remuneração definida: valor pactuado ou regido por uso e costume (arts. 596 e 597).
  • Escopo fechado: só se executa o que for contratado explicitamente (art. 601).
  • Término automático: o vínculo se encerra com a entrega ou o fim do prazo.
Trata-se de uma relação contratual pontual e delimitada, com foco em entrega específica.

Nesse modelo, o autor escolhe o prestador de sua preferência e este executa as atividades contratadas, mediante pagamento fixo, sem obrigações de continuidade ou risco econômico assumido.

Tabela comparativa: prestação de serviço x contrato de edição#

Para fins didáticos, criamos uma tabela comparando as principais características da prestação de serviços e do contrato de edição, de acordo com a legislação vigente.

É importante fazer uma ressalva: há modelos híbridos, com características muito variáveis, de acordo com o contrato assinado pelas partes. Conforme a doutrina jurídica e a prática editorial demonstram, pelo menos desde a década de 1990, o contrato de edição pode assumir diferentes aspectos, inclusive revelando um caráter societário, quando autor e editora convencionam participar ambos dos lucros e prejuízos da atividade.

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Edição ou prestação? Uma síntese para autores escolherem com consciência#

Antes de tudo, é importante lembrar: quem decide o que faz sentido é o autor.

Cada modelo traz implicações jurídicas, operacionais e simbólicas. Cabe a quem escreve avaliar qual caminho melhor atende às suas expectativas e necessidades.

Se optar por contrato de edição...#

No contrato de edição, o autor cede os direitos patrimoniais da obra para que a editora:

  • publique;
  • divulgue; e
  • explore comercialmente o livro.

A editora investe, assume o risco da atividade e trabalha para que o livro circule. A remuneração do autor decorre das vendas, e a lógica da relação é de parceria contínua, não de execução de tarefa pontual.

Você não está contratando um serviço. Está firmando um pacto editorial.

Se optar por prestação de serviço...#

Na prestação de serviços, o autor:

  • define o escopo do contrato;
  • arca com todos os custos; e
  • recebe apenas o que foi combinado.

A relação termina com a entrega. A prestadora não é obrigada a investir, circular ou sustentar o livro no tempo. O foco é o cumprimento da tarefa, não a permanência da obra.

O que importa, no fim?#

Ambos os modelos são legítimos, desde que claros, bem documentados e condizentes com o que se propõem. E reforçamos: não existem apenas esses dois modelos, e sim uma gama extensa e cada vez mais complexa.

editoras que de fato editam, com curadoria, risco e compromisso de circulação, assim como há prestadoras sérias, que executam tarefas com profissionalismo e respeito. E há práticas problemáticas em ambos os lados. Não temos receio de fazer um juízo, em certo sentido, definitivo:

Mais importante do que o rótulo é observar os compromissos, as cláusulas e as entregas de cada proposta.

É isso que definirá minimamente a experiência real de publicação.

Como funciona o modelo editorial da Cachalote#

Nesta seção, explicamos como funciona, na prática, o modelo editorial da Cachalote – com aspectos contratuais e operacionais. Você também pode acessar:

  • o modelo de contrato;
  • as etapas da produção editorial, com um passo a passo de todas as ações, dos critérios de avaliação de originais, passando por uma descrição detalhada da campanha de pré-venda, até o pagamento de direitos autorais.

Na Cachalote, os livros são publicados a partir de um contrato de edição, conforme a Lei de Direitos Autorais (LDA).

Isso significa que não executamos serviços editoriais sob demanda.

Em vez disso, realizamos:

  • curadoria editorial e literária rigorosa – no ciclo fev./2024-fev./2025, menos de 1% dos originais recebidos foram publicados;
  • produção editorial completa – com profissionais especializados para cada etapa;
  • investimento contínuo – com estratégias de divulgação de longo prazo.
Publicar com a Cachalote não é contratar um serviço. É integrar um processo editorial.

Pré-venda mínima: parte da nossa estratégia editorial de longo prazo#

A pré-venda é uma campanha que antecipa a divulgação e comercialização da obra. Na Cachalote, ela se consolida em torno de uma meta, isto é, uma quantidade de exemplares que precisa ser vendida durante um prazo, em regra, de 30 dias.

Em um ano de operação, 81% das pré-vendas da Cachalote atingiram a meta.

Vamos explicar com detalhes como isso funciona na prática, mas já adiantamos o seguinte: aqui, a pré-venda não é mecanismo de financiamento da editora, muito pelo contrário: a perenidade da Cachalote depende crucialmente da continuidade da venda de livros, da evolução dos critérios de curadoria, do desenvolvimento da carreira dos autores e do posicionamento do catálogo a longo prazo.

Numa palavra: para o tipo de editora que a Cachalote é, e quer continuar sendo, sobreviver com campanhas de pré-venda garante uma “vida útil” muito curta, e com ganhos práticos e simbólicos muito distantes dos interesses pessoais e profissionais de uma equipe formada principalmente por autores e artistas independentes.

Como definimos a meta de pré-venda?#

A meta de pré-venda é definida individualmente, com base em critérios objetivos e editoriais, como:

  • extensão e complexidade do original
  • gênero literário (prosa ou poesia)
  • custos reais de produção com equipe especializada
  • tiragem mínima de 300 exemplares
Cada livro é único, e cada campanha também.

O autor é informado dessa meta antes do envio do contrato – no nosso processo editorial, como você verá mais à frente, a informação é constante e não faltam etapas para o autor refletir com autonomia. Além disso, o autor recebe relatórios, participa de decisões e conta com suporte contínuo, inclusive com produção de textos e peças de divulgação para garantir o sucesso da campanha.

Quando a meta é atingida – e parte do investimento retorna#

Se a meta de pré-venda for atingida, parte do investimento retorna à editora, ajudando a equilibrar os custos já realizados com produção e divulgação. Mas não há lucro: o retorno cobre parcialmente os aportes que fazemos para publicar um livro.

Da abertura de uma campanha de pré-venda até o fechamento, antes mesmo da disponibilização, para saque, do valor arrecadado com as vendas, a editora já realizou gastos com edição e preparação de texto, design de capa, diagramação, revisões, registros e catalogação.

O investimento total feito em cada projeto, no entanto, só se recupera com o tempo, por meio da circulação do livro, que segue demandando trabalho editorial e recursos contínuos.

A pré-venda da Cachalote é o início, não o fim. Depois dela, a editora segue investindo no livro.

Nosso objetivo não é rentabilizar cada etapa, e sim manter um ecossistema sustentável e ativo. Só isso nos permitirá seguir realizando nossa missão: descobrir novos autores e publicá-los com excelência, ampliando o catálogo e promovendo a bibliodiversidade da literatura brasileira contemporânea.

Quando a meta não é atingida – dados concretos para entender o que isso implica#

Nos casos em que a meta não é alcançada, solicitamos ao autor uma compensação parcial, previamente acordada em contrato, correspondente ao valor em aberto.

Em contrapartida, entregamos:

  1. exemplares físicos proporcionais ao valor compensado, que o autor pode vender (recuperando o eventual gasto, portanto), distribuir, guardar ou pedir que a editora envie para alguns endereços;
  2. pagamento de direitos autorais sobre os exemplares adquiridos ao final da pré-venda.
Essa compensação eventual não altera a natureza jurídica da relação. A editora continua responsável pela exploração comercial da obra, conforme a LDA.

Em outras palavras, quando a meta não é alcançada, o compromisso com o autor se mantém: os livros são publicados, impressos e enviados aos compradores. A editora segue com o projeto e continua investindo na obra por pelo menos três anos, com ações de divulgação e gestão de vendas.

A regra, felizmente, é atingir a meta – nossos números comprovam#

Jogo limpo: no nosso primeiro ano, 19% das campanhas não atingiram a meta de pré-venda. Nesses casos, o valor médio de compensação dos autores foi de R$ 1.400, frente a um custo total de R$ 9.810 por projeto, o que representa um subsídio de 14%.

Esse custo total não inclui curadoria, estrutura editorial permanente, contratempos autorais ou investimentos em divulgação antes e depois da publicação. Logo, a compensação, quando ocorreu, não custeou a operação toda – 86%do valor foi custeado pelo aporte inicial da editora e pela própria campanha de pré-venda.

Quando a meta é superada – e o livro vai além#

Se a campanha superar a meta em 30% ou mais, a Cachalote amplia a tiragem proporcionalmente, sem custo para o autor.

Essa medida, prevista em contrato, reforça nossa missão fundamental: conectar livros e leitores. Quando a campanha sinaliza o interesse do público, ampliar o alcance da obra é uma escolha natural para uma editora que tem como foco a leitura, e não a mera publicação.

O sucesso de uma pré-venda não encerra o processo: impulsiona o próximo passo.

Saiba mais sobre a estratégia de pré-venda no contexto das etapas da produção editorial

Com razão, você agora talvez esteja se perguntando: e qual a chance de superar uma meta de pré-venda?

Mais uma vez, não há resposta pronta, mas há experiência documentada e números:

No mesmo ciclo citado até agora, 47% das campanhas de pré-venda da Cachalote superaram a meta.

Caro ou barato? Talvez a melhor pergunta nem seja essa#

Num mercado em que muitos autores se acostumaram a editoras que não editam, a régua de qualidade foi rebaixada. É comum encontrar livros com falhas graves de texto, projeto gráfico e acabamento. Mesmo quando não há falhas em si, é comum ouvir duas queixas de autores:

  • a falta de um olhar realmente profissional e cuidadoso sobre o texto; e
  • a produção de capas – não tem palavra melhor – feias.

Nesse cenário, a ideia de fazer algum aporte financeiro para publicar um livro, como regra ou como eventualidade, pode parecer cara, mas na verdade é apenas uma forma de oferecer o básico com profissionalismo. Não à toa, sobram relatos de autores que publicaram em editoras “tradicionais” e que, no decorrer da produção, decidiram pagar do próprio bolso profissionais de fora para realizar alguma etapa.

Isso não significa que outros caminhos não sejam possíveis: já falamos e repetimos que há uma multiplicidade de modelos legítimos que coexistem no mercado editorial brasileiro.

Claro, há autores que, por diversos motivos, acreditam que a pergunta definitiva sobre qual o melhor modelo de publicação é se precisam investir ou não, e essa postura deve ser respeitada. Mas gostaríamos de propor uma reflexão, não substitutiva, mas complementar: o que o meu investimento está pagando, ou o que a ausência dele está deixando de financiar?

Como os autores diferentes têm ideias diferentes, não existe resposta certa ou errada. Existe modelo ou modelos que fazem sentido para cada pessoa, a depender dos seus desejos e realidade material.

Publicar com a Cachalote começa com conversa#

Aqui, ninguém entra em águas turvas: o autor tem acesso, desde o início, a todas as informações sobre o nosso modelo editorial. Na Cachalote, autonomia não é abandono. Também não é liberdade solitária nem escuta simbólica.

Autonomia, para nós, começa com informação.

Primeiro diálogo, depois decisão#

Após a avaliação e seleção do original, o autor recebe:

  • uma apresentação institucional da editora;
  • nova orientação para leitura da documentação do Almanaque;
  • convite para uma reunião virtual com o editor-chefe da Cachalote.

Essa conversa serve para:

  • reapresentar o funcionamento da editora;
  • esclarecer dúvidas sobre o modelo editorial e as etapas de produção;
  • garantir que o autor tenha plena consciência antes de seguir.
O contrato só é enviado depois desse diálogo: primeiro para leitura e, só depois, se houver entendimento mútuo, para assinatura.

Resumo de etapas de transparência antes da assinatura#

  1. Chamada aberta → já traz link direto para esta página do Almanaque
  2. E-mail de aprovação → envio de apresentação institucional e reforço do convite à leitura desta página
  3. Reunião com o editor-chefe → momento de escuta e esclarecimento de dúvidas
  4. Modelo de contrato → envio do contrato, cujas cláusulas já estão disponíveis publicamente no Almanaque

Nossa lógica é de reforço informativo: quanto mais pontos de atenção, mais segurança para ambas as partes.

Compromisso com a responsabilidade mútua#

Acreditamos, sim, que um adulto que assina um contrato deve se responsabilizar por ele – o que, antes de mais nada, é uma premissa básica do exercício da cidadania.

Mas só afirmamos isso com convicção porque:

  • informamos com clareza e objetividade
  • reiteramos informações a todo tempo
  • nosso modelo editorial e as cláusulas contratuais são públicas
  • somos uma editora reconhecida pelo nosso trabalho

Sem pegadinhas. Sem letras miúdas. Sem entrelinhas.

O que o autor acompanha durante a produção?#

  • Acesso a um cronograma editorial atualizado
  • Relatórios de pré-venda, com dados reais
  • Suporte contínuo da equipe, do início à circulação
  • Participação nas decisões conceituais e visuais do projeto

E a capa? O texto? O estilo?#

A construção visual do livro envolve:

  • conversa com a diretora de arte, que lê parte ou todo o livro
  • apresentação de referências, na forma de briefing ou sugestão livre
  • troca de ideias e solicitação de ajustes
Acreditamos na construção conjunta com escuta qualificada.

O mesmo vale para o trabalho com o texto. A edição e a preparação são feitas por profissionais experientes, que:

  • propõem cortes, reorganizações e intervenções estéticas
  • respeitam e favorecem o estilo do autor
  • ajudam o livro a atingir seu potencial literário

Não se trata apenas de revisar ou corrigir: trata-se de cuidar da forma literária do livro com responsabilidade editorial.

Na prática, é isso que entendemos por garantir autonomia aos autores:

Levar a sério o texto de quem escolhemos publicar.

E agora?#

Você chegou até aqui. Leu o modelo, entendeu o fluxo, analisou os números. Se tudo fizer sentido, o próximo passo é seu.

A chamada de originais está aberta.

Acesse o formulário de envio

E se algo não bateu por aí, tudo bem. Este não é um texto de convencimento, mesmo porque nunca precisamos tentar convencer os autores selecionados. Este é um documento de diálogo e transparência. Encorajamos que você encontre editoras com modelos que funcionem para você.

Publicar um livro é uma decisão séria. E uma boa editora não é a que fala mais alto, mas a que te escuta com clareza e te responde com coerência, te ajudando, inclusive, a decidir não seguir com ela.

A Cachalote é uma pequena editora que decidiu não fazer de seu porte pretexto para amadorismo. Temos critérios. Temos estratégias. Temos limitações.

Queremos crescer, é óbvio. Ser uma pequena editora, para a Cachalote, não é um charme, mas uma realidade, de encantos e atribulações, que pretendemos transformar.

Temos tempo, cuidado e um pacto de longo prazo com quem publica com a gente.

Se quiser seguir, estamos aqui. Se quiser pensar mais, o Almanaque Aboio também está.

Almanaque Aboio: Modelo editorial