A criação do Grupo Aboio e do selo Cachalote#

Uma nova etapa na história do Grupo Aboio#

Em janeiro de 2024, o produtor cultural Leopoldo Cavalcante e o editor e escritor André Balbo fundaram a Cachalote, selo dedicado à literatura brasileira contemporânea.

O lançamento inaugural da Cachalote foi o livro de contos Nós que nos amávamos tanto, da escritora recifense Laís Araruna de Aquino, lançado em maio do mesmo ano.

A criação da Cachalote não foi apenas o surgimento de um novo selo, mas o ponto de partida para a reestruturação da operação editorial e a formalização do Grupo Aboio, uma estrutura que hoje abriga três selos: Cachalote, Aboio e Abeto.

Fundada em 2023, a antiga Editora Aboio passou a se dedicar exclusivamente à literatura estrangeira, enquanto a Cachalote assumiu integralmente a publicação de literatura brasileira.

Os critérios de qualidade editorial e os processos de edição, design e produção seguem alinhados entre os selos Aboio e Cachalote. A distinção está no território de atuação: enquanto a Aboio foca no intercâmbio literário internacional, a Cachalote mantém seu compromisso com a produção e circulação da literatura brasileira contemporânea.

Origens e trajetória da Cachalote#

Da interlocução ao projeto editorial#

A colaboração entre Leopoldo Cavalcante e André Balbo começou em 2019, durante a Flip, quando ambos atuavam em frentes distintas no mercado cultural e editorial. À época, Leopoldo cursava jornalismo, trabalhava como articulista de cultura e mantinha um perfil de resenhas literárias no Instagram. Balbo era um dos editores da revista Lavoura e um dos produtores da Cadeia Literária, projeto presente na programação paralela da Flip daquele ano.

O primeiro contato surgiu de uma conversa sobre os desafios do modelo editorial da Lavoura. Embora reconhecesse a qualidade da curadoria da revista, Leopoldo levantava questões sobre a sustentabilidade financeira do projeto – uma preocupação que, nos anos seguintes, se tornaria central nas discussões entre os dois.

Afinidades e complementaridades#

A partir de 2020, com a fundação da Revista Aboio, o diálogo entre eles se intensificou. Compartilhavam uma visão crítica sobre o mercado editorial brasileiro e buscavam um modelo capaz de aliar rigor literário, excelência no processo editorial e sustentabilidade financeira.

Essa convergência se refletia também nas competências complementares dos dois. Balbo vinha construindo uma trajetória sólida na edição de textos, atuando com leitura crítica e desenvolvimento de originais. Leopoldo, por sua vez, ampliava sua especialização no planejamento editorial, na gestão estratégica e na profissionalização de processos.

Essa combinação de perfis tornava possível construir uma operação editorial que não abrisse mão da excelência na produção textual e gráfica, mas que também enfrentasse, com método e estratégia, os desafios de sustentabilidade da cadeia livreira independente.

A consolidação da Cachalote#

Em 2022, com o encerramento das atividades da Lavoura, a possibilidade de uma parceria passou a se desenhar de forma concreta. No início de 2023, a interlocução se fortaleceu quando Leopoldo convidou Balbo a submeter um original – então em processo de leitura crítica – à seleção da Aboio.

Esse episódio marcou a transição de uma interlocução ocasional para um projeto editorial compartilhado. Surgia não apenas a decisão de publicar um novo livro, mas a percepção de que havia espaço para a criação de um selo específico dedicado à literatura brasileira contemporânea.

Assim nasceu a Cachalote: um projeto editorial orientado pela excelência literária, pela profissionalização dos processos e pela construção de uma rede sustentável de circulação e valorização da literatura produzida no Brasil hoje.

O Grupo Aboio se consolida, assim, como uma estrutura editorial que busca contribuir ativamente para o fortalecimento da bibliodiversidade no mercado livreiro nacional.