5 poemas de Luz dos Monstros, de Paulo Scott

por Paulo Scott
Foto de Luísa Machado para ilustrar os poemas de Luz dos Monstros, de Paulo Scott.

Paulo Scott é autor de, entre outros, A timidez do monstro e Mesmo sem dinheiro comprei um esqueite novo. Seus textos estão publicados em Portugal, Inglaterra, China, Argentina, Alemanha, Croácia, México, França e Estados Unidos.

Os poemas a seguir fazem parte de Luz dos Monstros, novo livro de Paulo Scott pela Editora Aboio. Clica aqui para garantir o teu!


nas praças, outras lonas
muitos ingressos-brindes
coreografias de sacos plásticos
abanando seus punhos
ao redor das barracas

o barro de seus estômagos
aspirando ao que
só deveria pertencer
aos animais noturnos
que cerzem seu minério
filtram-se do mundo

e dançam sua própria luz


a língua te espera
te reitera no sonho e no sorriso

tudo que (do Osório matinal) não se habitua à prestação

decerto pelo chegar da tristeza
a tal luz do existir
(e do perceber)

desvelos entre o estrago
timbre das gerações
por Silviano Santiago
(que de novo canta seu canto sozinho)
incessante e caminho

de quem levanta
e do que tem florescer



é tarde, muito tarde
e os cosméticos aguardam
a reciclagem de maneiras e fórmulas
cada vez mais dispendiosas
de reencontrar o perdão

o hábito de fingir nada saber
sobre o faminto verme da beleza

sem resgate e sem jeito
sem a armadilha de haver casa e volta
para as luzes que em mim te flagram
porque passam acesas
(faróis em vermelho)
na exigência dos ladrilhos
a pressa dos marinheiros

e, no lacrimejar, esse mal redigir
a incalculável reserva dos banheiros


não é no jardim da ignorância
o corpo que não quer responder

contingência no possível do tempo
combinando-nos em olhos que esqueceram

nada é familiar nesse ouvir
o erro que não condiz

no que pusemos a limpo
porque no medo daria, juro, daria

se você não estivesse rindo


não ter tamanho para a arte
aguardar de meus pais
um sorriso que só acontecia
assistindo a filmes de violência

certeza de família
que se repetia
uma vez por semana –
show das estrelas

quando a morte encenada
acelerava a vida
enquanto eu procurava
o que seria do meu lutar

(tão cedo e atrás)
no que, desassistido
(não saldaria)
nunca mais iria embora


Foto de Luísa Machado.

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