A morte não vem amanhã é um livro incomum. Com uma linguagem direta, somos apresentados à saga trágica e ordinária de uma família sem nome. Os personagens anônimos, identificados apenas pela função que exercem dentro do núcleo familiar (a mãe, o pai, o filho mais velho etc.), erram sem rumo e propósito pela vida. Giram em falso. Nada parece sair do lugar.
Indiferente à imobilidade de seus habitantes, a casa, uma das narradoras deste romance, está cheia de vida. Nada passa despercebido de seu olhar. Os não ditos de seus moradores são verbalizados por ela. A casa, com suas tábuas soltas, paredes descascadas, pintadas e repintadas, pedras e cupins, sente muito e não se furta de dizer a verdade. Por trás da aparente trivialidade da trama, o texto, com suas sutilezas, nos revela o universo complexo dos sentimentos que compõem as relações familiares. Um romance que nos faz indagar sobre a efemeridade da vida e as escolhas que fazemos.
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